A desintrusão da Suiá Missu, ocorrida em dezembro de 2012, mudou a rotina de todas as cidades localizadas no Vale do Araguaia, que temem pela desocupação de novas áreas. Para debater a demarcação de terras indígenas no Estado de Mato Grosso a Assembleia Legislativa promoveu no município de Luciara, uma audiência pública em parceria com a Câmara Federal e a Prefeitura local.
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O debate, realizado no auditório da Unemat, reuniu cerca de 500, dos dois mil habitantes de Luciara e foi provocado pelo deputado estadual Dilmar Dal’Bosco (DEM) em parceria com o gestor municipal Fausto Aquino de Azambuja Filho (PSB). Os prefeitos de São Félix do Araguaia, José Antônio de Almeida (PPS), de Alto Boa Vista Leuzipe Domingos (PMDB) e o deputado federal Nilson Leitão (PSDB) também participaram das discussões.
Com quatro reservas indígenas localizadas em seu território e oito Unidades de Conservação Municipal, Luciara enfrenta dois processos de demarcação, que podem inviabilizar a economia local.
O primeiro e mais emergente deles trata-se da criação de uma Reserva Extrativista ou Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS), onde a área seria utilizada apenas para a agricultura de subsistência e na criação de animais de pequeno porte. A RDS deve ocupar cerca de 198 mil hectares e sua implantação é iminente, dependendo apenas do parecer do Instituto Chico Mendes que visitou o local no final de 2012.
“Não somos contrários a criação de uma Reserva Extrativista, queremos apenas que o projeto se limite a área tradicionalmente ocupada pelos retireiros, já que o aumento da reserva significa a expulsão dos produtores”, afirmou o prefeito Fausto Aquino Azambuja.
Outra preocupação da população do Araguaia é quanto a demarcação de Terras Indígenas na região, já que atualmente a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) estuda 72 processos para criação de novas Reservas somente no Estado de Mato Grosso.
Lamentando as perdas ocorridas na Suiá Missu o prefeito de Alto Boa Vista, Leuzipe Domingos, fez uma breve descrição da calamidade social enfrentada pelos remanescentes do Posto da Mata que, sem direito a indenização, tornaram-se ‘mendigos’ instalados à beira da rodovia, desprovidos de qualquer condição digna de sobrevivência. O gestor se uniu a Luciara na luta pela criação de novas reservas.
“O mal precisa ser cortado pela raiz. Se nós tivéssemos feito esse movimento em Alto Boa Vista, talvez não tivéssemos chegado onde chegamos. Espero que a última vítima de desapropriação tenha sido a Suiá Missu” conclamou Leuzipe Domingos.
Na avaliação do deputado Dal’Bosco falta presença do Estado nos processos de demarcação. “Precisamos de um gestor Estadista. A presidente está ferindo os direitos civis dos brasileiros do Araguaia, enquanto o Estado assiste tudo de braços cruzados”, lamentou.
Dilmar criticou ainda a posição da ministra da Casa Civil Gleisi Hoffmann que suspendeu o processo de demarcação nos Estados do Rio Grande do Sul e do Paraná. “A ministra foi infeliz. Estava apenas defendendo interesses pessoais, já que é candidata a governadora pelo Paraná. Acredito que ela deveria suspender todas as demarcações do país”, cobrou o deputado estadual.
