Algumas profissões impelem o homem do convívio no campo. A de médico é uma delas. Mas o exercício da medicina não afastou o pai do produtor rural Mário Candia, do sonho de ter um pedaço de terra. “Quando meu pai comprou este pedaço de chão, ele não valia quase nada”, destaca o proprietário da Estância Capão de Angico, fazenda onde o pecuarista cria seus nelores e zebus, e local onde foi realizado o 2º encontro do projeto ‘Futuros Produtores do Brasil’, que reuniu no sábado (01) veterinários, presidentes de sindicatos e o grupo de alunos que participa do programa.
Escassez de capital intelectual é uma das principais preocupações do agronegócio Veja fotos
Manter os jovens no agronegócio brasileiro é um dos desafios do setor
Candia falou sobre a sucessão do negócio da família no campo para os cerca de 30 jovens que participam do projeto. “Pouco antes de meu pai falecer, ele dividiu a propriedade entre os quatro filhos; inicialmente tentamos levar adiante um condomínio, e alugavamos parte da fazenda, mas o projeto não vingou; nem todos têm vocação para o trabalho no campo”, destacou Candia.
Dando continuidade ao sonho do pai, Candia transformou a estéril fazenda em um negócio lucrativo. O melhoramento genético da raça Nelore foi o caminho achado pelo produtor para tocar o negócio da família. A propriedade trabalha desde 1989 trabalha com melhoramento genético e seleção de Nelore PO.
Aos jovens, Candia e sua equipe esclareceram assuntos ligados ao trabalho, como confinamento do gado, critérios de seleção do rebanho e despesas e receitas por categoria. As categorias da receita, explicou Candia, são divididas em venda de touros Nelore PO, novilhas Nelore PO e vacas Nelore PO Descarte.
Números, dados e gráficos permearam a palestra dada pelo pecuarista. Após o café da manhã, servido antes da palestra, os alunos foram levados num tour pela propriedade para verificar in loco o funcionamento de algumas práticas, como o desmame dos novilhos, o confinamentos dos Nelores, que vão a leilão no dia 7 de julho, durante a 49º Expoagro, a plantação de cana, usada na alimentação do gado.
Foco
O projeto, idealizado pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MT), teve nesta segunda edição, foco na pecuária de corte. A área da propriedade, localizada na região do Pantanal, corresponde a 4.424 hectares, com 2.650 cabeças de gado nelore PO (puro de origem) e é considerada modelo em melhoramento genético. A fazenda também tem confinamento, com capacidade para mil animais.
Palestra
Os jovens também receberam noções de governança familiar com a consultora do projeto, Priscilla Mello, da empresa de consultoria Defamília.
Até setembro deste ano a Famato e o Senar-MT farão cinco encontros do projeto Futuros Produtores do Brasil para apresentar aos participantes o cenário do agronegócio, pecuária e gestão profissional. Com este projeto, as entidades pretendem fazer com que os jovens, filhos de produtores rurais e futuros herdeiros, se interessem em dar continuidade aos negócios da família.
O primeiro encontro aconteceu em maio, na fazenda Filadélfia, em Campo Verde, onde os participantes conheceram mais sobre produção de grãos, algodão e piscicultura. Os jovens também conhecerão, dia 27 de julho, a fazenda Gamada, do produtor Mário Wolf, em Nova Canaã do Norte.
No dia 05 de setembro os participantes visitarão o Porto de Santos e no dia 06 de setembro será a vez da Bolsa de Valores de São Paulo, onde os jovens receberão informações sobre o mercado de commodities e terão noções de educação financeira e de como funcionam as exportações, informa a assessoria de imprensa da Famato.
