A Câmara dos Deputados vai realizar uma mesa redonda em Luciara – cidade localizada no vale do Araguaia a 1.167 km de Cuiabá – para discutir a situação das 200 famílias extrativistas ameaçadas de despejo de uma área de 100 mil hectares no município.
O Instituto Chico Mendes para Conservação da Biodiversidade (ICMBio) pretende transformar a área em uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) e destiná-las a pequenos produtores rurais. Mas o plano encontra resistência por parte dos atuais moradores do local.
O deputado Nilson Leitão (PSDB-MT) apresentou um requerimento que foi aprovado pela Comissão de Agricultura da Câmara nesta quarta-feira (25.9). Ele critica a ação truculenta da Polícia Federal para desobstruir rodovias que dão acesso ao assentamento.
Leia mais:
Cidade sitiada, moradores presos e uma reserva à vista: Luciara repete Suiá-Missú
Produtores 'expulsos' de Suiá Missú bloqueiam BR 158 em protesto
Recentemente, os moradores da cidade fizeram um protesto pacífico se colocando contra a desapropriação. As manifestações visavam impedir a ida de técnicos do ICMbio para fazer inspeções no local. O protesto foi feito na última sexta-feira, dia 20, onde a população fechou a rodovia e o aeroporto que dão acesso à cidade.
“Já vimos episódios como este, como o de Suiá Missú, em que o governo deixa centenas de trabalhadores sem as mínimas condições de vida. É importante debater para que se ouça as autoridades responsáveis pela criação da reserva. Queremos um entendimento para estabelecermos um acordo que possa tranquilizar a população da região”, argumentou Nilson Leitão.
De acordo com o ICMbio, em Luciara, ao invés de índios, os beneficiados pela RDS seria um grupo de pioneiros da região, filiados a Associação de Retireiros do Araguaia, que trabalham com atividades extrativistas. Por enquanto, eles se dizem vítimas de ameaças, além de incêndios criminosos por partes dos produtores rurais, de forma similar aos índios xavantes de Marãiwatsédé, que já denunciaram incêndios e “chuvas de agrotóxico” supostamente executadas pelos fazendeiros da região. A data do debate deve ser definida pela Comissão.