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Terça-feira, 15 de outubro de 2024

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DIRETO PARA A CHINA

Com novos frigoríficos habilitados para exportação, preço da carne pode aumentar, aponta economista

Foto: Rogério Florentino/Olhar Direto

Com novos frigoríficos habilitados para exportação, preço da carne pode aumentar, aponta economista
O preço da carne no mercado mato-grossense pode aumentar, caso a demanda do mercado chinês for alta, aponta o economista Ernani Lúcio Pinto de Souza. Na última segunda-feira (9), o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) anunciou que o estado de Mato Grosso passou a ter sete frigoríficos habilitados a exportar para a China. Com um único frigorífico, somente em 2019 já foi exportado o equivalente a US$ 97,105 milhões para o país.


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“Isso é uma questão paralela a ser trabalhada. Se você está conseguindo recursos via exportação e consequentemente gerando empregos em Mato Grosso, é óbvio que você irá proporcionar um aumento de demanda desse produto. Ou seja, a demanda internacional pode impactar nos preços dos produtos domésticos”, explica o economista ao Olhar Direto.

A diretora executiva da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Daniella Bueno, todavia, acredita que o consumidor não deve ser impacto. “Vai faltar boi para o comércio local? A gente não pode falar isso porque apenas 8% da nossa carne produzida fica no estado. Temos apenas três milhões de consumidores em potencial, então absolutamente não vai faltar carne no mercado interno”, conta ao Olhar Direto.

De acordo com o último boletim semanal do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), divulgado na última segunda-feira (9), o preço médio da carne no estado em setembro é de R$ 23,93 o quilo, para venda em varejo. Se comparado ao mesmo mês em 2018, houve um aumento de 12,11%, quando era R$ 21,35 por quilo.
 

O mesmo boletim aponta que neste ano Mato Grosso já exportou para o mercado internacional o equivalente a US$ 743 milhões. Deste montante, o mercado que mais importou do Brasil até o momento é a União Europeia, composto por países como Alemanha, Portugal e Reino Unido, com o equivalente a US$ 207,21 milhões. China e Hong Kong, juntas, somamam US$ 187,92 milhões. O país com menor taxa de exportação é a Rússia, com US$ 61,97 milhões. 
 

Apesar da possibilidade de aumento de preço, o economista enxerga a abertura de novos frigoríficos como positiva para o estado, mas alerta que não se deve depender exclusivamente do mercado exterior, seja China ou outros países. É preciso manter um equilíbrio entre o mercado local e o mercado internacional.

“Não podemos pensar que todo pequeno produtor vai ter acesso a esse mercado internacional. O que importa é que nós façamos com que ele tenha preços atrativos e que também possibilite melhores vendas diante do mercado doméstico relativamente pequeno, com baixos índices de consumo. Existe a possibilidade de aumentar os produtos para a exportação, mas ao mesmo tempo existe essa possibilidade no mercado doméstico”, explica o economista.

Pequenos produtores terão que se adaptar a demanda chinesa de exportação

Segundo Daniella Bueno, os produtores em Mato Grosso deverão se adaptar caso seja necessário, conforme a demanda exigida pelo mercado chinês. Ela acrescenta que a adaptação não deve ser decretada ainda porque não se sabe o quanto a China irá querer importar a partir de agora com novos frigoríficos anunciados.

“Dependendo do volume que for demandado para a China, o produtor vai ter que se adequar. Dificilmente a gente consegue colocar animais em abate em até 30 meses apenas com pasto. Vão ser animais confinados ou muito bem manejados. Isso implica em um maior custo para o produtor, mas a gente espera que as indústrias paguem um preço maior pelo arroba desses animais precoces”, aponta.

A China importa somente carne de animais de até 30 meses. No estado, com a média de 5 milhões de abates por ano, 48% dos animais abatidos estão entre 24 a 36 meses, enquanto 35% estão acima de 36. Somente 17% deste montante é representado por animais de até 24 meses.

Atualmente, há 107 mil produtores em Mato Grosso. Deste total, 86% são de pequeno porte, o que representa cerca de 92 mil produtores. Esse número, todavia, não pode ser ainda convertido aos que irão de fato produzir para o mercado externo, visto a demanda não foi divulgada.

Para o economista Ernani, é preciso que o governo de Mato Grosso analise bem em como pretende se estabelecer no mercado internacional, mas sem precarizar o mercado interno. O pequeno produtor precisa estar ciente para que os seus investimentos não sejam feitos em vão.

“Isso vai ser temporário? Como Mato Grosso pensa isso tudo a médio e longo prazo? São fatores que nós temos que estar pensando paralelamente nessa relação de mercado externo e mercado interno”, questiona o economista. “Se não pensar em uma planta adequada, como que ele [o produtor] pode prospectar nesse mercado chinês para que ele se garanta a médio e longo prazo?”, completa.

Novos frigoríficos

O anúncio de seis novos frigoríficos habilitados para a exportação foi feito na segunda-feira (9), pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Além dos mato-grossenses, também foram habilitados outros 19 no restante do país. Desta forma, o Brasil possui agora 89 frigoríficos aptos para a exportação de carne para o mercado chinês.

Quanto as unidades de Mato Grosso, foi anunciada a habilitação dos Serviços de Inspeção Federal (SIFs) número 411 - Redentor de Guarantã do Norte; 1751 – Marfrig de Tangará da Serra; 1811 – Naturafrig de Barra do Bugres; 2015 – Marfrig de Várzea Grande; 3941 – Agra de Rondonópolis e 4490 – Vale Grande de Matupá. Até então, somente a unidade do grupo JBS de Barra do Garças era autorizada para exportar à China.
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