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Quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

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Empresariado mato-grossense ainda está preocupado com reforma tributária, afirma presidente da Fecomércio-MT

Foto: Assessoria Fecomércio-MT

Empresariado mato-grossense ainda está preocupado com reforma tributária, afirma presidente da Fecomércio-MT
Ainda em discussão, a reforma tributária em Mato Grosso continua preocupando e tirando o sono do empresariado do estado, assim como a instabilidade política que tem afetado a economia do país. A pontuação é do presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Mato Grosso (Fecomércio-MT), Hermes Martins. Além disso, o comércio e o setor de serviços ainda veem um consumidor retraído, mesmo que estes estejam mais seguros quanto a sua situação no mercado de trabalho.

 
Recentemente o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), divulgado pela Fecomércio-MT, revelou um crescimento de 14,3% na confiança dos empresários no primeiro semestre do ano e de 25,8% na variação anual. Contudo, segundo o presidente da entidade, os empresários ainda estão preocupados quanto à reforma tributária de Mato Grosso, uma vez que não se sabe como será de fato.

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Em entrevista ao Agro Olhar, Hermes Martins comenta que muitos consumidores estão procurando efetuar o pagamento de suas compras à vista (dinheiro) na busca de barganhar descontos.
 
Confira entrevista do presidente da Fecomércio-MT, Hermes Martins:
 
Agro Olhar – Em um momento que se pensava que a economia daria uma retomada, tanto que se viu um crescimento de 1% no PIB no primeiro trimestre, tivemos um novo tombo e isso voltou a abalar os consumidores. Hoje, como estão os setores de comércio e serviços?
 
Hermes Martins – O empresário fica com certo receio. Veja só que estávamos aí com a economia dando sinais de crescimento. Tanto é que antes dessas delações premiadas a nossa economia já vinha dando bons sinais de recuperação. Mas, infelizmente agora veio à tona isso aí e ela dá uma freada novamente. Ela está estagnada. Não caiu. Porém, temos a esperança isso se resolva rapidamente, porque é um processo, que eu digo que não é econômico, mas sim político. O que está travando tudo é a situação política do país, pois os interesses são muitos. E, isso traz certa preocupação para o empresário. Quando eu digo empresário são todos os segmentos. Afeta o comércio, serviços, indústria. Todos ficam afetados, porque a indústria depende do comércio, ou seja, se o comércio não vai bem a indústria não tem como produzir. Na área do comércio nós tivemos no mês de abril um crescimento da empregabilidade formal, que foi bastante representativo, quase 60 mil novos empregos no país e o que puxou foi serviços que está justamente ligado a nossa Federação. Agora não sabemos como será o mês de junho com toda essa preocupação que existe de instabilidade política, porque a economia nossa é muito forte. Ela se recupera rapidamente. Se não fosse esse processo político, talvez hoje nós já estivéssemos em outro patamar bem mais elevado.
 
Agro Olhar – Recentemente a Fecomércio-MT divulgou uma pesquisa com empresariado, no caso de Cuiabá, que aponta que o mesmo está mais otimista que no ano passado. Esse otimismo deve continuar mediante essas questões políticas que estamos vendo?
 
Hermes Martins – Esse otimismo que a gente vem dizendo, no momento em que se resolver esse processo político, a tendência é crescer. Enquanto, estiver essa instabilidade de permanência ou não do presidente Michel Temer no cargo o empresário tem ainda certa preocupação. Pois, não sabemos qual caminho será tomado. Mas, acreditamos que no segundo semestre teremos uma recuperação que poderá dar bons sinais para a nossa economia, principalmente Mato Grosso, que é um estado um pouco diferente dos demais. Enquanto, outros estados já vinham sofrendo com a decadência, nós vínhamos mantendo. Quando a crise chegou a Mato Grosso ela chegou em um momento em que se iniciava a recuperação.
 
Agro Olhar – Nós tivemos em 2016 mais de três mil empresas fechando as suas portas.  Como está essa questão em 2017? O senhor acredita que apesar do otimismo, de haver alguma luz no fim do túnel, o fechamento de empresas pode se igualar ou superar o ano passado?
 
Hermes Martins – De maneira nenhuma. Basta dizer que nós já deixamos o primeiro semestre e o número de fechamento de empresas é muito pequeno. Praticamente insignificante com relação ao que foi no ano passado que chegou a três mil empresas no estado todo. Esse ano o número será muito menor.
 
Agro Olhar – Qual o segmento da área do comércio ou de serviços que está sendo mais impactado por toda essa situação que o país está vivendo?  E, também Mato Grosso, uma vez que ainda estamos tendo discussões internas sobre reforma tributária?
 
Hermes Martins – O impacto é bastante abrangente. Ele atinge todos os segmentos. Uma indústria, um serviço, um comércio todos dependem da circulação de recursos. Porque, se você não tem recursos para movimentar ele é impactado. Agora, a preocupação dos empresários hoje é com relação à reforma tributária. Não só do estado, mas como do próprio país.
 
Agro Olhar – Por que essa preocupação com a reforma tributária, não apenas do estado, mas do próprio país?
 
Hermes Martins – Porque, a nossa legislação tributária ela é muito complexa, principalmente a do nosso estado. Desde 2016 deveria ter entrado em vigor uma nova legislação, um decreto tributário. Então, desse período para cá existe essa desconfiança do empresário que a qualquer momento pode chegar uma reforma que as empresas poderão ser surpreendidas e nós não sabemos como. Pode ser melhor ou pode ser até pior, porque para o governo é muito fácil ele fazer receita. Basta um decreto, uma lei e ele faz a receita. Agora, o empresário ele não tem como bancar certos decretos, certas leis.
 
Agro Olhar – Como está sendo vista a confiança do consumidor diante uma inadimplência ainda grande?
 
Hermes Martins – A inadimplência de uma maneira geral, a nível nacional, ela ainda é alta, mas ela vem dando sinais de redução. A confiança do consumidor hoje ela já desperta para um patamar mais de credibilidade. Talvez seja em decorrência da liberação do FGTS de contas inativas, então, o consumidor parece-me que naquele momento ele acreditou até mais nesse governo no momento. Essa colocação desse dinheiro parado em circulação trouxe certa credibilidade ao consumidor. O consumidor, também, está mais consciente no momento em que ele vai pleitear um credito, ele vai até com mais consciência de onde ele pode suportar.
 
Agro Olhar – O que empresário do comércio e de serviços têm feito para cativar o consumidor?
 
Hermes Martins – Hoje, é um pouco complicado para o empresário por causa dessa instabilidade, mas mesmo assim você passa nos estabelecimentos, no comércio de uma maneira geral, existe uma vontade do empresário em dar um melhor atendimento ao consumidor, oferecendo diversas vantagens, descontos, para cativar ainda mais o consumidor. E, até mesmo temos algumas empresas que contam com uma pessoa que orienta o consumidor. Você chega a determinados estabelecimentos e a pessoa orienta quanto a crédito, por exemplo, o que ajuda, principalmente o consumidor menos esclarecido.
 
Agro Olhar – A população está optando em pagar à vista (dinheiro) para barganhar um desconto?
 
Hermes Martins – Sim. Isso já vem acontecendo e tem crescido essa opção. A gente tem até observado que o empresário procura cativar o cliente até mesmo oferecendo essas condições. O consumidor está mais consciente e tem procurado barganhar.
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