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Quinta-feira, 02 de maio de 2024

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Pesquisadores internacionais debatem cadeia leiteira

Entidades de pesquisas para o setor lácteo de diversas nações debateram e compararam as características de produção de cada país e as ferramentas disponíveis de pesquisa para o setor. O encontro ocorreu na última sexta-feira, durante o último dia do 11° Congresso Internacional do Leite, em Goiânia, realizado pelo Sistema Faeg/Senar e Embrapa Gado de Leite.

Durante o painel Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação na Pecuária Leiteira, o coordenador do Núcleo de Gestão do Agronegócio da Fundação Dom Cabral, Alberto Duque Portugal, fez a introdução de alguns países, principais produtores de leite da União Europeia, como a França. O delegado internacional do Departamento de Fisiologia Animal e Sistemas de produção Animal do INRA, um instituto de pesquisa e desenvolvimento agropecuário semelhante a Embrapa no Brasil, Jonathan Levin, detalhou as especificidades da produção de leite naquele país e comentou o trabalho do setor em desenvolver ferramentas de pesquisa para melhorar a rentabilidade da atividade.

Segundo ele, o setor de pesquisa agropecuária francês utiliza um montante de aproximadamente $ 730 milhões de euros destinados em três macro vertentes de pesquisa: alimentos e segurança alimentar, agricultura e meio ambiente. Ele comentou que a França produz 24 bilhões de litros de leite por ano, atrás apenas da Alemanha. Apenas 30% do rebanho leiteiro é criado em sistema intensivo, o restante em pastagem. “Concentramos nossas pesquisas em vacas holandesas pelos altos índices de produção, mas os animais dessa raça apresentam problemas de fertilidade. Então investimos nossas atenções para resolver problemas pontuais que enfrentamos”, destacou.

Em 2011/2012, as entregas de leite em França superaram os 24 mil milhões de litros, o que supõe um aumento de 4% em relação ao período. Este valor é o mais alto alcançado desde 1998. “Estamos trabalhando agora para tentar aumentar os preços do leite e a qualidade do produto”, ressaltou o pesquisador francês. A grande questão é como os franceses pretendem melhorar a produção na mesma proporção que devem elevar a qualidade do produto para atingir preços mais vantajosos. Para o pesquisador, a resposta está no alimento dos animais, nas pastagens. “Realizamos experimentos em 19 países e descobrimos que a melhor forma de alimentar o rebanho leiteiro é com pasto consorciado, rotação de pastagem.”

Nova Zelândia

Para o pesquisador da Nova Zelândia, Kevin Macdonald, a resposta para a equação produtividade-custo-lucro está na genética. Ele explica que 73% do rebanho neozelandês é de vacas inseminadas artificialmente. “A produção de leite no país é bastante desenvolvida, girando em torno de 16 milhões de litros ao ano, o que corresponde a 3% da produção mundial”. Nos últimos cinco anos as exportações neozelandesas cresceram 40%, enquanto a produção aumentou 30%. Isso mostra a grande vocação exportadora do país. 30% da riqueza da Nova Zelândia vem do leite.

Ele explicou que os produtores fazem a correção e adubação do solo com fósforo e nitrogênio de maneira correta, uma vez que os solos do país apresentam baixa fertilidade natural e como o pasto é de extrema qualidade, o uso de concentrados na alimentação dos bovinos é praticamente inexistente. Em relação ao melhoramento genético, ele ressaltou que a maioria os animais passa por inseminação artificial e que aproximadamente 70% deles participam de um programa de melhoramento genético.

Além disso, na Nova Zelândia, existe uma grande preocupação com o meio ambiente. Nas fazendas neozelandesas todos os efluentes das salas de ordenha são armazenados em tanques e posteriormente utilizados em fertirrigação, para não contaminar os lençóis freáticos.

Canadá

Graham Plastow, CEO da Livestock Gentec Ctr, University of Alberta, um importante instituto de pesquisa em genética animal no Canadá, tratou do tema, mas algumas características importantes diferenciam as práticas do Brasil e do Canadá em relação à produção de leite ou dos demais produtos do setor agropecuário. O clima de lá é uma dessas características: durante alguns meses, as temperaturas em algumas regiões oscilam entre 30ºC e -30ºC, que inviabiliza o uso constante de pastagens e a criação extensiva.

O sistema utilizado é o de confinamento, com raras exceções em que as vacas são levadas às pastagens, durante o período de verão. Como o inverno é muito rigoroso e a neve cobre totalmente os campos canadenses, o rebanho permanece confinado em grandes estábulos.

Argentina

O coordenador do Programa Nacional do Leite do INTA-Rafaela, na Argentina, destacou algumas características da produção de leite no país. Segundo ele, os hermanos precisam investir em projetos de transporte de produtos lácteos e lutar pela concorrência que o setor sofre com outras atividades agropecuárias, como a soja.

O chefe geral da Embrapa Gado de Leite, Duarte Vilela, encerrou o painel e apresentou alguns dados da produção leiteira no Brasil para contrastar com os demais países representados nos debates. Ele ressaltou ainda as expectativas de crescimento do setor e a importância do leite para a economia nacional.

A programação do 11º Congresso Internacional do Leite segue durante toda esta sexta-feira (23), no Atlanta Music Hall. O evento está sendo transmitido em tempo real pelos sites da Embrapa Gado de Leite: www.cnpgl.embrapa.br e do Sistema Faeg/Senar:
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