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Domingo, 05 de maio de 2024

Notícias | Economia

Soja levou IGP-DI de outubro ao menor resultado desde julho de 2009

A forte queda no preço da soja em grão no atacado (-8,09%) levou à deflação de 0,31% no Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) de outubro, o menor resultado para o indicador desde julho de 2009 (-0,64%). Segundo o coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getulio Vargas (FGV), Salomão Quadros, apenas a soja foi responsável por 40% do recuo de 0,68% nos preços do atacado em outubro – setor que responde por 60% do IGP-DI. O impacto é maior quando contabilizada a influência do chamado “complexo soja” (grão, farelo e óleo), que respondeu por 60% da deflação atacadista em outubro, afirmou Quadros.

No começo do ano a oferta de soja foi prejudicada por problemas climáticos no Brasil e nos Estados Unidos. A quebra da safra provocou disparada nos preços do grão e de seus derivados no mercado doméstico no primeiro semestre deste ano, lembrou o especialista. Mas em outubro novas informações coletadas pelo departamento de agricultura americano puxaram para cima a expectativa de oferta do produto, já que a previsão é de clima favorável. “Isso melhorou as posições dos estoques, melhorou a condição de oferta”, resumiu Quadros.

O coordenador de análises econômicas da FGV lembrou ainda que, no caso do Brasil, o plantio da soja começa a ser feito agora, com previsão de colheita entre fevereiro e março do ano que vem. “E, pelo menos até o momento, as notícias de previsão de clima para a safra são favoráveis”, disse o técnico.

A intensidade da queda da soja observada em outubro não deve se repetir nos próximos meses, avaliou Quadros. Mas ele admitiu que a expectativa é que o produto apresente estabilidade de preços até o final do ano. Ou seja: a commodity, item agrícola de maior peso na formação da inflação atacadista na família dos Índices Gerais de Preços (IGPs), não deve ser preocupação no curto prazo.

Outro aspecto levantado pelo economista foi a influência benéfica da soja nos preços do varejo. O repasse das taxas negativas de preços do complexo de soja para produtos derivados no setor varejista deve ajudar a conter ainda mais a inflação dos alimentos – que já está em desaceleração (de 1,23% para 0,67% de setembro para outubro). “Os preços do óleo de soja e das carnes no varejo devem ser influenciados pelo recuo da soja”, disse, explicando que a soja barata reduz preço de rações e puxa para baixo a inflação das carnes em geral.

Para os próximos meses a expectativa é de inflação comportada na família dos IGPs, afirmou Quadros. Isso porque não há nenhum sinal de descontrole inflacionário, seja no atacado ou no varejo, em um horizonte de curto e de médio prazo, observou o especialista. “Creio que teremos [nos próximos meses] uma fase de IGPs em faixas mais brandas do que as dos últimos meses.”


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