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Segunda-feira, 06 de maio de 2024

Notícias | Economia

Colheita do trigo não traz alívio ao preço do pão

O avanço da colheita do trigo no Paraná amplia a oferta de cereal de qualidade, mas não derruba os preços da farinha, que subiram 12% em setembro e seguem tendência de alta, encarecendo pães, biscoitos e massas.

Os triticultores do estado, responsáveis por 43% da produção nacional de 5 milhões de toneladas, atingem três quartos da colheita, conforme a Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab). Vendida a R$ 33,6, a saca de 60 quilos do grão rende 34% a mais aos produtores que em outubro do ano passado, com cotação sustentada pela escassez no mercado internacional.

A qualidade da colheita, tradicionalmente questionada pela indústria, tornando-se um entrave para a comercialização, não é problema neste ano, apesar do frio do início deste mês e da ocorrência de ventos e granizo. “Em algumas regiões, a produtividade pode ficar um pouco abaixo da média, mas a qualidade está boa até agora”, relata Hugo Godinho, técnico da Seab. Entretanto, os preços se sustentam e estimulam inclusive as exportações.

A Argentina autorizou a exportação de 6 milhões de toneladas de trigo. O Brasil precisa comprar todo esse volume para suprir sua demanda anual de 10,4 milhões de toneladas e, ainda assim, dependerá de fornecimento de fora do Mercosul, com pagamento de Tarifa Externa Comum (TAC) de 10%.

O fato de o trigo estar chegando aos armazéns poderia amenizar a escassez do produto, aliviando os preços, mas isso não se confirma. Vilson Felipe Borgmann, presidente do Sindicato da Indústria da Panificação e Confeitaria do Estado do Paraná (Sipcep), confirma que houve alta de 12% nos preços dos alimentos de trigo em setembro e que novos reajustes devem ocorrer neste ano.

Ele argumenta que a volta da cobrança de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (PIS/Cofins) deve provocar novo reajuste. “A perspectiva não é muito boa e o preço deve subir mais até o fim do ano”, disse.

Nas panificadoras, o reajuste costuma ser realizado apenas uma vez por ano, para atenuar o impacto perante os consumidores. Eduardo Henrique Engelhardt, sócio da Padaria América, em Curitiba, conta que já alterou os preços neste ano, mas, se a farinha subir, deve mudar novamente as tabelas.

“A farinha está mais cara faz tempo e, por enquanto, estamos absorvendo o aumento. Se os custos ficarem muito altos, teremos de pensar em um repasse”, conta. Ele calcula que, de outubro do ano passado até agora, seus gastos com farinha subiram 22%, de R$ 1,18 para R$ 1,42 por quilo.
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