O presidente do Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado de Mato Grosso (Cipem), Ednei Blasiu, afirma que a taxação imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros preocupa o setor por misturar comércio com política.
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“Aqui no Brasil nós estamos com uma situação diferente que outras taxações do Trump. Uma taxação comercial, mas misturado com política e isso preocupa bastante porque fica muita instabilidade, fica muita incerteza para o produtor”, disse o prsidente do Cipem ao Olhar Direto.
O tarifaço anunciado pelo governo dos Estados Unidos ocorre em um contexto de articulação política entre atores brasileiros e norte-americanos. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, tem feito declarações nos Estados Unidos criticando o Supremo Tribunal Federal (STF) e o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A medida coincidiu com a aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes por parte do governo norte-americano.
Aliados do presidente Lula apontam que a ofensiva comercial pode ter sido influenciada por agentes ligados à família Bolsonaro. O impacto das decisões atinge setores como o madeireiro de Mato Grosso, mesmo sem confirmação oficial de que os produtos do setor estão incluídos na taxação.
Blasiu avalia que o ambiente de instabilidade é agravado pela falta de clareza sobre o que exatamente foi tarifado. Ele cita documentos do governo americano que falam em taxação de madeira beneficiada, mas não deixam claro se produtos como pisos de madeira com ou sem verniz e o decking estão incluídos. “Com a descrição do documento que eles soltaram, fala em madeira beneficiada, porém o NTM que nós utilizamos para piso de madeira pintada com verniz e sem verniz de decking é outro”, explicou.
Segundo o presidente do Cipem, essa indefinição tem travado o setor. “Qual que é a dúvida do pessoal? E se eu carregar um produto, chega lá e vai estar sobretaxado? Ou seja, está tudo parado do mesmo jeito.” Ele diz que até mesmo o mercado americano tem dúvidas se esses produtos estão efetivamente na lista de tarifados.
Enquanto não houver “regramento” claro, o setor segue parado. “A palavra certa é regramento. Regramento. Tem que vir esse regramento do americano de forma mais clara. Esse regramento que foi divulgado deixou a gente com dúvida acerca desses produtos que nós estamos falando aqui.”