A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) manifestou preocupação com a decisão do governo chinês de aplicar medidas de salvaguarda sobre a importação de carne bovina, que passam a valer a partir de 1º de janeiro.
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A entidade alerta para os impactos diretos da medida sobre o produtor rural brasileiro e defende uma atuação firme do governo federal na proteção de quem está na base da cadeia produtiva.
Em nota, a Acrimat destacou que a decisão ocorre em um momento sensível para o setor pecuário e pode gerar reflexos econômicos significativos.
“A Acrimat vê com muita preocupação essas medidas de salvaguarda determinadas pela China, para nossa carne bovina, neste final de ano”, afirmou.
Segundo a associação, embora os grandes frigoríficos exportadores tenham capacidade de absorver parte dos efeitos da medida, o impacto tende a recair diretamente sobre o produtor.
“Sabemos que qualquer incidente seja sanitário ou econômico impacta negativamente no bolso do pecuarista e é ele quem paga toda a conta no final”, ressaltou.
A entidade relembrou ainda o impacto recente do tarifaço aplicado pelos Estados Unidos, que provocou queda no valor da arroba.
“O último exemplo claro disso foi o tarifaço dos EUA onde os preços da arroba desabaram por conta de um único importador”, pontuou.
Para a Acrimat, os grandes exportadores possuem estrutura para redirecionar volumes excedentes a outros mercados, sem repassar prejuízos ao campo.
“Os grandes exportadores brasileiros têm condições de pulverizar esse excedente sobretaxado para outros mercados sem prejudicar o pecuarista brasileiro com manobras especulativas”, afirmou.
A entidade reforçou a necessidade de valorização do produtor rural diante do cenário de incertezas.
“Acreditamos no bom senso, certos de que o produtor brasileiro precisa ser valorizado e respeitado, principalmente nesse momento de incerteza e virada de ciclo. Esperamos também que o governo federal proteja e defenda também quem produz e não somente quem exporta”, diz o texto.
A manifestação ocorre após o governo brasileiro confirmar que a China adotará salvaguardas sobre a carne bovina importada, com vigência de três anos. A medida estabelece uma cota inicial de 1,1 milhão de toneladas para o Brasil; volumes que ultrapassarem esse limite estarão sujeitos a uma sobretaxa de 55%.
De acordo com o governo federal, a decisão chinesa será acompanhada de perto e o Brasil seguirá atuando de forma coordenada com o setor privado, tanto bilateralmente quanto no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), para mitigar os impactos e defender os interesses dos produtores.
Atualmente, a China é o principal destino da carne bovina brasileira, respondendo por cerca de 52% das exportações do setor. O Brasil, por sua vez, é o maior fornecedor do produto ao mercado chinês.