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Notícias / Economia

Venezuela alimenta boato sobre “vaca louca” no Brasil

José Rocher - Gazeta do Povo

 A Federação Nacional de Produtores de Gado da Venezuela (Fedenaga) pressiona o governo de Caracas a bloquear a carne brasileira, alegando que o rebanho e a população venezuelana correm risco sanitário. Esse risco é sustentado pelo presidente da Fedenaga, Manuel Cipriano Heredia, com a informação de que houve “doença da vaca louca” no Brasil, o que segundo as autoridades sanitárias brasileiras e internacionais é um boato.

A Fedenaga parte da notificação assumida há uma semana por Brasília de que o agente da doença foi identificado em uma vaca de 13 anos, morta em 2010 em Sertanópolis, no Paraná. Porém, segundo as autoridades brasileiras, o animal teve “morte súbita” relacionada à idade, e não à vaca louca, ou Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB).

Todos os testes de laboratório feitos no Brasil e no exterior para averiguar o caso da vaca de Sertanópolis que tinha o príon da “vaca louca” indicam que o país não teve nem tem animais com a doença. A EEB normalmente ocorre em animais adultos de cerca de 5 anos. As autoridades sanitárias brasileiras explicam que só haveria risco se o príon do bovino morto há dois anos tivesse sido usado na produção de ração para alimentar outros animais da espécie, o que é proibido no Brasil.

Porém, o presidente da Fedenaga pediu que o governo suspenda a entrada de animais vivos e de carne congelada até que sejam apresentados testes que comprovem que os lotes enviados à Venezuela estão livres da EEB. Ele deu entrevista à imprensa venezuelana e vem repetindo a informação às agências de notícias.

Com inflação nacional próxima de 20% ao ano e importações de carnes crescentes, os pecuaristas da Venezuela enfrentam dificuldade para expandir a produção. O Brasil é o maior exportador de carne congelada e de animais vivos ao país, com participação de dois terços, assume Fedenaga. Se suspender as compras do Brasil, Caracas terá de recorrer à Colômbia, provocando disparada nos preços de toda a região.

O “achado priônico” foi anunciado na última sexta-feira, dia 7. No sábado, o Japão interrompeu as importações de carnes do Brasil. O país asiático importa menos de 2% da carne exportada pelo Brasil. Nesta semana, o Irã bloqueou quatro contêineres e a Rússia admitiu que cogita suspender negociações. Brasília lançou ofensiva com dossiê de laudos sanitários garantindo que o Brasil não registrou “vaca louca” e que não há risco sanitário.

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