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Embrapa se diz contra soja experimental em fevereiro e tenta evitar fortalecimento de praga

Da Redação - Arthur Santos da Silva

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), empresa pública de pesquisa vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, se manifestou por meio de nota contra o plantio de soja no mês de fevereiro. O posicionamento busca evitar a disseminação da ferrugem asiática, considerada a pior praga da cultura da soja. 

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O plantio em fevereiro no estado de Mato Grosso é um projeto da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja). A polêmica já chegou ao Ministério Público do Estado, que move ações civis públicas contra 14 produtores que plantaram a oleaginosa fora do período permitido, que vai até 31 dezembro.
 
Ao descordar do projeto da Aprosoja, a Embrapa esclareceu que o fungo causador da ferrugem asiática precisa de plantas vivas para sobreviver. Assim, a ausência de plantas interrompe o seu ciclo reprodutivo.
 
“Ao se semear em fevereiro, amplia-se até junho o período com plantas vivas no campo. Chamada de ponte verde, essa situação aumenta o número de gerações do fungo em uma única safra”, esclarece o documento.
 
A empresa pública afirmou ainda que o posicionamento é técnico e se baseia em pesquisas realizadas ao longo da história e na literatura científica sobre dinâmica de populações e controle de epidemias.
 
“A Embrapa nunca foi contra a produção de semente própria, que é um direito de todos agricultores. O problema é a presença de plantas de soja por um período contínuo mais longo, independente do propósito do cultivo”, complementa o documento.
 
Confira a nota:
 

Desde 2015 a Embrapa participa, junto a universidades, instituições de pesquisa, órgãos governamentais e representantes do setor produtivo, de fóruns de discussão sobre a semeadura de soja em fevereiro no estado de Mato Grosso. O posicionamento técnico da Empresa, assim como da maior parte das entidades, sempre foi contrário à liberação em razão do grande risco que a extensão da ponte verde traz para a sustentabilidade da cadeia produtiva da soja.
 
A posição da Embrapa é técnica e se baseia em pesquisas realizadas ao longo de sua história e na literatura científica sobre dinâmica de populações e controle de epidemias.
 
O período ótimo para a semeadura da soja na maior parte do País é entre outubro e novembro. Com isso, até março todas as lavouras estariam colhidas. Como o fungo causador da ferrugem-asiática precisa de plantas vivas para sobreviver, a ausência de plantas interrompe o seu ciclo reprodutivo. Ao se semear em fevereiro, amplia-se até junho o período com plantas vivas no campo. Chamada de ponte verde, essa situação aumenta o número de gerações do fungo em uma única safra. Isso resulta na aceleração do processo natural de seleção de resistência do fungo aos fungicidas.
 
Sabe-se que a semeadura em fevereiro apresenta menor severidade de ferrugem-asiática do que a semeadura em dezembro. Isso ocorre, sobretudo, pela redução da frequência de chuvas e pela menor presença de lavouras de soja no campo, não sendo necessários experimentos que comprovem fatos já conhecidos. Porém, menor severidade não significa ausência. O fungo continua presente, originário de lavouras anteriores e continua se reproduzindo, com cada nova geração menos sensível ao controle químico.
 
Ensaios realizados por integrantes do Consórcio Antiferrugem vêm comprovando anualmente a redução de eficácia dos fungicidas no combate à ferrugem asiática e outras doenças da cultura. Esse fator serve de alerta, uma vez que pode resultar no aumento dos custos de produção para toda a cadeia e perdas de produtividade crescentes.
 
Vale ressaltar, também, que a Embrapa nunca foi contra a produção de semente própria, que é um direito de todos agricultores. O problema é a presença de plantas de soja por um período contínuo mais longo, independente do propósito do cultivo. Ademais, sabe-se que existe tecnologia disponível para produção de semente durante o período da safra normal. 
 
Todas as pesquisas conduzidas pela Embrapa obedecem o máximo rigor científico, procurando apresentar soluções aos principais desafios da sojicultura nacional. Os conhecimentos, tecnologias e recomendações gerados não segregam e nem são direcionados a quaisquer grupos isolados de produtores. São dirigidos, indistintamente, aos pequenos, médios e grandes produtores de todo o Brasil. Busca-se, na verdade, atender aos interesses de todos aqueles que compõem a cadeia da soja, procurando garantir a maior sustentabilidade deste importante setor do agro brasileiro.  
 
A Embrapa nunca se recusou a realizar pesquisas, desde que elas tenham como objetivo gerar novos conhecimentos e que não coloquem em risco a segurança fitossanitária do País. Como empresa pública de pesquisa agropecuária, cabe à Embrapa não só o papel de contribuir para o desenvolvimento da produção nacional, mas também a responsabilidade de garantir a viabilidade futura das cadeias produtivas.  
 
Mais informações sobre a ferrugem-asiática e sobre as pesquisas realizadas pela Embrapa e por instituições parceiras, acerca do tema, estão disponíveis na página www.embrapa.br/soja/ferrugem.
 
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