Imprimir

Notícias / Agronegócio

Pesquisas apontam crescimento em áreas do agro durante e após pandemia

Da Redação - Vinicius Mendes

Dados divulgados pelos Ministérios da Agricultura (Mapa) e da Economia, referentes à balança comercial, apontaram que o mês de abril foi de recorde para as exportações de alguns produtos da agropecuária, como soja, carne e algodão, as maiores produções do Estado de Mato Grosso. Um estudo da Agrinvest Commodities apontou que o Brasil deve sair duplamente fortalecido da crise economica causada pelo surto do coronavírus, por causa do aumento da demanda e das consequências inflacionárias.

Leia mais:
Tecnologias criadas por empresa garantem fortalecimento e desenvolvimento de plantações de feijão

De acordo com o estudo da Agrinvest, para o período posterior à crise do coronavírus, a expectativa é de processo inflacionário. Além disso, deve haver aceleração das taxas de juros reais negativas ao redor do globo, mas principalmente nos EUA (que será o 1º país a sair da crise). O dólar também perderá valor, as commodities ganharão valor e as moedas de exportadores de matérias primas ganharão valor. 

A Agrinvest também avalia que haverá transferências de grandes somas diretamente para quem vai gastar (Governos farão o papel de consumidores e empregadores), Bancos Centrais financiarão grande parte dos déficits públicos (balanço dos mesmos crescerá rapidamente), e com a transferência de renda, queda na oferta e aumento da base monetária deverão acelerar a velocidade com que o dinheiro troca de mãos, resultando em processo inflacionário. Também avalia que investidores buscarão ativos “à prova de corrosão” (ouro, commodities e imóveis).

Mesmo durante a pandemia o agronegócio já tem obtido bons resultados. Segundo o Mapa, na soja, os embarques totalizaram 16,3 milhões de toneladas em abril. O recorde anterior tinha sido em março deste ano, de 11,64 milhões de toneladas. O farelo de soja também registrou nova marca em abril: 1,7 milhão de toneladas.

Houve um crescimento de 82,1% nos volumes exportados de soja, em relação abril de 2019, contabilizando média de 815,42 mil toneladas. Em receita, a média diária foi de US$ 272,98 milhões, aumento de 73,51% na mesma comparação.

Com relação à carne suína, foram enviadas 63 mil toneladas para o mercado externo. Pela média diária, houve alta de 23,35% no volume (3,145 mil toneladas) e de 40,47% na receita com as exportações (US$ 7,69 milhões).

Já os embarques de carne bovina (fresca, refrigerada ou congelada) totalizaram 116 mil toneladas, conforme o Mapa. Pela média diária, houve um crescimento de 8,06% no volume (5,81 mil toneladas) e de 25,18% na receita com as exportações (US$ 25,45 milhões).

Um outro produto do agronegócio com volume mensal recorde foi o algodão. Foram 91 mil toneladas em abril, de acordo com o Mapa. Na média diária, houve crescimento de 29,52% no volume (4,53 mil toneladas) e de 18,67% na receita com as exportações (US$ 7,07 milhões). A Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (AMPA) já havia se manifestado afirmando que o algodão não foi prejudicado em Mato Grosso, pela pandemia.

Leia a nota da Ampa na íntegra:

Apesar da pandemia do Covid-19 ter afetado diversas áreas econômicas do país, o setor do algodão tem conseguido embarcar o restante dos contratos da safra agrícola 18/19, cujo ciclo deve se encerrar em julho de 2020. De acordo com a Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (AMPA), a safra agrícola 2019/20 já foi comercializada em nível de 75% de sua expectativa de produção e, até o presente momento, não houve comunicação de intenção, pelo comprador, de rompimento desses contratos. "Os contratos estão sendo cumpridos pelas trades sem nenhum atraso”, afirmou o presidente da associação, Paulo Sérgio Aguiar.

No Brasil, devido à quarentena em diversos estados, os prazos de entrega e pagamentos estão sendo reformulados, uma vez que a maioria das indústrias estão fechadas neste momento. “Não há nenhuma manifestação diferente disso no mercado, os produtores têm renegociado esses prazos diretamente com os compradores, caso a caso, sem nenhum prejuízo até agora”, apontou. 

O Brasil é o 5º maior produtor de algodão do mundo, com colheita estimada em mais de 2,5 milhões de toneladas de pluma apenas nesta safra. Para alcançar alta produtividade e se manter entre os maiores produtores de algodão do mundo na safra 20/21, o plantio vai requerer uma atenção especial.

Segundo Paulo Aguiar, até o final do mês de maio os produtores devem fechar o planejamento da próxima safra. “Neste período será necessário analisar o consumo mundial da pluma e verificar o impacto que pode haver ou não, após a pandemia. Para o abastecimento do mercado interno, temos que levar em consideração que 90 mil toneladas de pluma deveriam ter sido consumidas pelo mercado interno e não foram, devido aos efeitos da pandemia. Esse estoque deverá ser consumido no decorrer dos próximos meses, reduzindo, assim, a quantidade de pluma demandada pela indústria nacional no decorrer do ano”.

O presidente ressaltou ainda que esse cenário deverá ser levado em conta no planejamento da próxima safra. “O quanto será afetado a área para a safra 20/21, dependerá muito de como os contratos de compra e venda serão performados, se o cumprimento dos contratos ocorrerem dentro da normalidade e os preço futuros no mercado internacional subirem, possibilitando o travamento de preços, que vão começar a acontecer a partir do meio do ano, a redução poderá ser pequena, caso contrário, a redução poderá ser drástica. Temos que ponderar as boas condições das lavouras no campo, uma vez que o clima está favorável em Mato Grosso”, explicou.

Com a alta do dólar, os custos de produção também devem aumentar para a próxima safra, o que deve impactar o investimento em novos equipamentos e maquinários. “Cerca de 70% dos custos de produção está atrelado ao dólar, então o produtor vai fazer as contas para manter a safra com baixo custo de plantio, sem abrir mão da tecnologia de produção que garante uma boa safra”, finalizou Paulo Aguiar.



 
Imprimir