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Sem semente de soja para replantio, Aprosoja diz que cautela é necessária em Mato Grosso

Da Redação - Viviane Petroli

Com previsão da chuva em Mato Grosso ocorrendo a partir da segunda quinzena de outubro, o produtor de soja terá de ter paciência e cautela para evitar um possível replantio do grão, principalmente da variedade precoce. Tudo porque “não há” sementes. O período do Vazio Sanitário da Soja no estado encerra no próximo dia 15 de setembro. A expectativa é que sejam colhidas 29,385 milhões de toneladas, 6,87% a mais que as 27,497 milhões de toneladas colhidas na safra 2015/2016.

A perspectiva é que sejam semeados no estado 9,229 milhões de hectares nesta safra 2016/2017. Um leve incremento de 0,28% ante os 9,203 milhões de hectares do ciclo passado.

Apesar da semeadura estar liberada neste final de semana, os sojicultores deverão esperar pela chuva para iniciar os trabalhos. Segundo o meteorologista do Climatempo, Alexandre Nascimento, as chuvas em Mato Grosso irão atrasar.

“Embora já tenham sido verificadas algumas pancadas de chuva pelo país, o solo continua muito seco. A chuva vai demorar um pouco para chegar e o plantio pode ser prejudicado no Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e nas regiões Norte e Nordeste. Já Mato Grosso do Sul, São Paulo e o sul do Brasil continuam sujeitos a chuvas mais regulares”, explica o meteorologista.

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A safra 2016/2017, ao contrário do ciclo 2015/2016 que foi sob influência do fenômeno El Niño, terá o La Niña com chuvas mais frequentes. Em agosto, chegou-se a registrar em algumas propriedades em torno de 70 milímetros de chuva, porém a umidade não é o suficiente para o plantio da soja. Há cerca de 10 dias, segundo produtores e entidades, não chove no estado.

Para a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) é “arriscado o produtor colocar o plantio no pó”. A orientação, conforme o presidente da associação que representa os sojicultores mato-grossenses, Endrigo Dalcin, é que o produtor não arrisque e espere pela regularização da chuva.

“Com certeza o ideal é esperar até a segunda quinzena de outubro, porque temos uma incerteza quanto à quantidade de semente”, pontua Dalcin. O presidente da Aprosoja-MT explica que a incerteza é quanto ao replantio caso haja perdas de germinação em tais áreas semeadas onde a chuva não caiu. “O produtor não pode errar na primeira safra da soja. Nós precisamos recuperar as perdas que tivemos no ciclo 2015/2016 tanto na soja quanto no milho”.

O clima atípico em Mato Grosso neste segundo semestre de 2016 tem chamado a atenção dos produtores e a cautela é reforçada pelo setor agrícola, principalmente diante o endividamento. “É preciso ter cuidado. Essa ânsia de plantar cedo é da escolha de cada um”, salienta o presidente da Câmara Setorial da Soja no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Glauber Silveira.

Conforme Silveira, assim como há produtores que já estão com todos os insumos em casa, há aqueles que aguardam a chegada de adubo e aqueles ainda não adquiriram todos os insumos. “Não é um ano que está tudo bem. Tem toda uma questão do limite de crédito”.

Colheita

A maior preocupação, pondera o superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Daniel Latorraca, não está de fato com o plantio, mas sim com a colheita. “O excesso de chuva não é preocupante em relação à semeadura, mas sim à colheita. Ano de La Niña é bastante chuvoso, em especial fevereiro e março exatamente no período que colhemos boa parte da soja do estado. Isso pode trazer não apenas perdas de produtividade, mas também em ganhos ao produtor”.
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