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Fundo internacional deverá investir R$ 600 milhões em Mato Grosso até 2020

Da Redação - Viviane Petroli

 O Fundo de Investimento Especializado Althelia Climate Fund deverá investir em Mato Grosso R$ 600 milhões até 2020. O investimento privado internacional visa à prática da pecuária sustentável (sem desmatamento) no estado e o primeiro a ser feito no país. Somente nos próximos dois anos serão aplicados cerca de R$ 50 milhões em 10 mil hectares distribuídos em aproximadamente 20 propriedades que integram o Programa Novo Campo nas regiões de Alta Floresta e Cotriguaçu.

A assinatura do financiamento ocorreu na noite desta quarta-feira, 16 de setembro, em Cuiabá. Os recursos investidos pela Althelia no Programa Novo Campo, coordenador pelo Instituto Centro Vida (ICV), serão geridos pela empresa de assessoria e parceria agropecuária Pecuária Sustentável da Amazônia (Pecsa), fundada em junho deste ano, com sede em Alta Floresta.

O Althelia Climate Fund é gerido pela Althelia Ecosphere, com sede em Londres. A Althelia Ecosphere dedica-se a realizar financiamento de transições para o uso sustentável da terra, bem como a preservação do ecossistema. O diretor da Althelia na América Latina, Juan Carlos Gonzalez Aybar, comenta que foi quase um ano de conversas para a realização do investimento em Mato Grosso.

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Hoje, na América Latina a Althelia possui investimentos feitos no Peru com café e cacau e com borracha na Guatemala, por exemplo. “É o primeiro investimento que fazemos no Brasil. Analisamos outros estados, porém Mato Grosso possuía o que buscávamos. Queríamos algo ligado à pecuária bovina. Vimos no trabalho desenvolvido pelo ICV empreendimento e profissionalismo e era isso que buscávamos”, comentou Juan Aybar ao Agro Olhar.

“Nos próximos dois anos investiremos R$ 50 milhões em 10 mil hectares, porém queremos chegar a R$ 600 milhões em 200 mil hectares em 2020”, ressaltou diretor da Althelia na América Latina, que na tarde de quarta-feira, 16 de setembro, esteve reunido com o governador Pedro Taques e a secretária de Estado de Meio Ambiente, Ana Luiza Peterlini.

O Programa Novo Campo, coordenado pelo ICV, busca promover práticas de pecuária sustentável. "O que nos chamou a atenção e nos fez investir aqui", frisa Juan Aybar.

De acordo com o diretor executivo do Instituto Centro de Vida (ICV), Renato Farias, nos próximos dois anos serão investidos pelo Fundo aproximadamente R$ 50 milhões, que serão aplicados em 10 mil hectares. “Até o momento o Programa Novo Campo desenvolvia o trabalho em uma parte das propriedades. Agora será na propriedade inteira. O papel do ICV é mostrar que se pode produzir sem desmatar. É o produzir mais em menos com qualidade focando em sustentabilidade”.

Mercado exige “boi verde”

Hoje, o mercado internacional, principalmente, exige cada vez mais o boi sustentável, produzido em áreas que não ocorrem desmatamento, ou “boi verde”. Grandes empresas como a JBS e o McDonald's buscam o boi verde.

“Criamos a Pecsa para dar assistência técnica ao produtor. O cenário da carne mundial está em queda com os Estados Unidos e a Austrália. O Brasil é a próxima mira para compra. O exterior e até mesmo os consumidores brasileiros estão exigindo que a carne bovina não esteja associada com o desmatamento”, comenta o diretor executivo da Pecsa, Vando Teles.

Participando desde o primeiro projeto do ICV, voltado para Boas Práticas na Pecuária, há três anos, o pecuarista de Alta Floresta Celso Bevilaqua ressalta a exigência de mercado. “Alguns frigoríficos já compram com valor agregado por se produzir boi verde”. O pecuarista comenta que através do Programa Novo Campo conseguiu elevar de 5 a 6 arrobas por hectare para 23 arrobas por hectare a sua produção. “Com a recuperação da pastagem esperamos aumentar de quatro a cinco vezes a produção por hectare em cima destas 23 arrobas”.
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