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Notícias / Agronegócio

Sistema sanitário pode acelerar regionalização com compradores e evitar fechamento total de exportações, diz Fávaro

Da Redação - Airton Marques

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, afirmou nesta segunda-feira (19), durante coletiva de imprensa em Brasília, que a detecção de casos de gripe aviária em granjas comerciais no Brasil fortalece a credibilidade do país no mercado internacional devido à transparência e à robustez do sistema sanitário.

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Ele destacou que a transparência e a robustez do sistema sanitário brasileiro diante da identificação de um foco de influenza aviária podem fazer o país buscar a regionalização dos casos junto aos nossos parceiros comerciais, como já ocorre, por exemplo, com o Japão.

“A força do sistema e a transparência nos procedimentos nos credenciam a buscar a regionalização dos casos junto aos nossos parceiros comerciais. Quando conseguimos demonstrar que o foco foi contido na região onde se originou, temos um ativo de convencimento para propor protocolos que evitem o fechamento total das exportações”, disse Fávaro.

Ele citou como exemplo o Japão. Em março deste ano, o país asiario aderiu à aprovação da regionalização do Certificado Sanitário Internacional para influenza aviária por município. Desta forma, as restrições de exportação dos produtos cárneos de frango e ovos ficam limitadas apenas aos municípios onde houver detecção de focos da gripe aviária, e não mais o estado todo.

“Estamos trabalhando desde 2023 em um país do tamanho do Brasil - que é um continental - procurando protocolos para regionalização. Mas uma das primeiras coisas para regionalização é demonstrar de fato a robustez do sistema. Olhar o lado positivo dessa crise é a gente conseguir demonstrar a força do sistema [sanitário] brasileiro. É um ativo que vamos ter para propor aos países que ainda não estão regionalizados”, continuou. 

Segundo Fávaro, a confirmação da infecção em aves de granjas no Rio Grande do Sul era inevitável, mas o sistema brasileiro conseguiu retardar esse cenário por 19 anos, mesmo com a circulação do vírus em outros países desde 2006. “Não dá para dizer que é coincidência o vírus não ter entrado no plantel comercial brasileiro por tanto tempo. Isso é reflexo da robustez do nosso sistema”, declarou.

O ministro destacou que, diferentemente do que se observa em outros países — onde a transição de casos em aves silvestres para granjas comerciais ocorre em curto espaço de tempo —, no Brasil o intervalo foi de dois anos desde os primeiros registros em aves migratórias no litoral do Espírito Santo. “Era inevitável que um dia fosse acontecer. Mas aqui levou dois anos”, disse.

Fávaro também apontou a transparência como um dos pilares da atuação do ministério. “A cada suspeita, os agentes do Ministério, dos estados e dos municípios são acionados, e todos os dados são colocados no sistema de forma aberta. É isso que dá força ao sistema”, afirmou.

A exportação de carne de frango brasileira já foi suspensa para 20 países, desde a confirmação do primeiro caso de gripe aviária no Rio Grande do Sul. União Europeia, China, África do Sul, Argentina e outras 13 nações interromperam as importações de aves de todo o Brasil. 

Reino Unido, Cuba e Bahrein, por exemplo, suspenderam de forma regionalizada apenas as compras do estado gaúcho - em virtude da adoção do protocolo de regionalização. 

A partir desta quarta-feira (21), começa a contar o prazo de 28 dias previsto nos protocolos sanitários para que o Brasil possa declarar-se livre de novas infecções.

A equipe técnica já inspecionou todas as propriedades num raio de 3 quilômetros da granja afetada e está em processo de vistoria das 538 propriedades de subsistência num raio de 10 quilômetros. Caso nenhuma nova infecção seja identificada, o Brasil poderá emitir um relatório à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e iniciar os trâmites para reabrir os mercados internacionais.

Fávaro afirmou ainda que o governo seguirá encaminhando relatórios periódicos aos parceiros comerciais mesmo antes do fim do prazo de 28 dias. “Ao conduzir o processo com total transparência, mostramos que temos controle e capacidade de resposta, o que fortalece a confiança internacional no Brasil”, concluiu.
 
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