Da Redação - Jardel P. Arruda
Após meses de instabilidade comercial internacional, causada pelo tarifaço dos Estados Unidos contra o Brasil, o ex-deputado federal, vice-presidente do Instituto Pensar Agro (IPA) e consultor da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), Nilson Leitão, defendeu uma postura pragmática e não ideológica nas relações internacionais. Para ele, o país não deve se alinhar exclusivamente a nenhuma potência global, mas sim agir como um vendedor global.
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“Se entrar, gente de todas as religiões tem que ser tratado bem, de todas as cores tem que ser tratado bem e de qualquer partido político tem que ser tratado bem. Nosso negócio é vender o arroz, o feijão, a soja, o milho, a fruta. Nosso negócio é esse”, disse Leitão, em entrevista ao
Olhar Direto.
Em seguida, defendeu que o foco do país é vender para todos, independente de situaçãos locais dos países compradores. “O Brasil não tem condições, competência nem direito de brigar com qualquer país do mundo. Nosso papel é vender. Se o Irã é um país com muito terrorista, enquanto fazem o terrorismo deles, a gente vende o feijão para eles comerem. O nosso negócio é vender”, afirmou.
Além disso, o ex-deputado argumenta que tarifaço serviu para mostrar uma fragilidade diplomática brasileira, sem articulação direta com o Congresso americano, por exemplo, nem estratégia consistente para reagir a crises comerciais. Segundo ele, a situação só pode ser resolvida através da ajuda de representadores do mercado.
“O erro nosso, e eu me incluo nisso, é que o Congresso brasileiro não tem relação com o Congresso americano. E devia ter. Quando o presidente de lá fala algo que atinge a gente, quem tem que conversar é o congressista”, afirmou.
Segundo ele, a reação ao tarifaço mostrou o peso do agronegócio e a importância do mercado como mediador político, citando a missão liderada pela ex-ministra Tereza Cristina para tentar reverter as medidas de Trump.
“Foram lá para explicar aos congressistas americanos que era um erro tarifar o Brasil. De cada dez copos de suco de laranja que os Estados Unidos tomam, nove são de laranja brasileira”, lembrou.