O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Lucas Beber, avaliou que o estado vive uma crise produtiva no setor diante de intempéries climáticas, endividamentos e do que ele chamou de “indústria” da recuperação judicial. Beber conversou com o Agro Olhar nesta segunda-feira (15), no Fórum de Crédito e Endividamento Rural – Causas, efeitos e alternativos para superar a crise no campo.
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O encontro foi realizado com objetivo de debater causas, impactos e perspectivas para superar o endividamento, bem como propor soluções práticas ao setor produtivo.
Em conversa com o Olhar Agro, Beber ressaltou a importância do Poder Judiciário em atuar na composição de métodos consensuais para auxiliar os produtores, as vantagens de se optar por resoluções em consenso em detrimento da recuperação, a qual muitas vezes é usada de forma inadequada, a atual crise enfrentada pelo setor, impulsionada por altos custos de produção, variações climáticas e a queda nos preços das commodities.
Referente a recuperação judicial, Beber classificou que esse instrumento se tornou uma “indústria”, muitas vezes usado de forma errada, fraudada, que acaba resultando em ônus aos Poderes. A alternativa apresentada por ele para que o setor não seja vítima das recuperações, tampouco a sociedade, é a busca pela renegociação mediada e conciliada, com “diálogo e equilíbrio”.
“Na verdade, hoje há uma indústria de recuperação judicial aqui dentro do Estado [...] temos que buscar sempre diálogo, relação, equilíbrio e principalmente já nos contratos tem que ser um contrato que traga equilíbrio e seja justo para ambos os lados para evitar esses excessos fazendo com que um dos lados perca, principalmente quando há intempéries climáticas ou outras causas que possam trazer prejuízos para o produtor e que ele necessite de uma renegociação. Uma alternativa que seria mediação, conciliação em caso de endividamento, crédito”, avaliou.
Beber ainda fez um diagnóstico da crise e explicou que o fórum foi motivado diante do aumento do índice de endividamento na soja e milho, sendo que 25 núcleos pediram que o evento fosse realizado como forma de levar soluções ao setor. Fatores como a dimensão geográfica do estado, estiagens e altos juros de crédito foram citados pelo presidente como causadores da crise.
“O Brasil inteiro passa por dificuldade, é claro que Mato Grosso é um estado que ele é reconhecido por ter custos mais altos de produção principalmente pelo nosso clima tropical a distância de portos e os riscos acabam sendo maiores quando há intempéries climáticas principalmente no momento que o setor agora ele trabalha se considerar só cultura da soja no prejuízo então devido o aumento do índice de endividamento houve o pedido das nossas bases mais de 25 núcleos pediram para que realizássemos esse fórum porque há uma preocupação”, acrescentou.
Por fim, agradeceu a atuação do Poder Judiciário em auxiliar na resolução das renegociações, bem como avaliou que a expectativa do evento é aproximar todos envolvidos na cadeia produtiva, seja as instituições de crédito, seja o produtor a aproximação e busca de soluções, “ao invés de apontar o dedo um para o outro buscar soluções que tragam justiça e coerência para ambos os lados”, concluiu.
O fórum foi realizado nesta manhã (15) com vasta programação, contando com palestras de especialistas renomados que abordarão desde conceitos gerais de faturamento e renda até estratégias de gestão de risco no sistema financeiro.
Sendo eles: Fábio Silveira abordando conceitos de faturamento e renda - últimos anos e cenário atual; Dr. Lutero de Paiva salientando sobre o alongamento de dívidas - aspectos legais e práticos; Ângelo Ozelame pontuando estudo de casos - situações adversas e análise de decisões; Desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), Dr. Mário Kono, demonstrando métodos consensuais de solução de conflitos; e João Ferrari Neto evidenciando dados de inadimplência e renegociações.