Imprimir

Notícias / Pecuária

Acrimat pede “bom senso à mesa” em meio a tarifaço dos EUA e alerta: medida pode derrubar preço da arroba e não barateia carne no Estado

Da Redação - Rafael Machado

O presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Oswaldo Pereira, cobrou bom senso e diálogo por parte do governo federal diante do tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que impôs uma alíquota de 50% sobre todos os produtos brasileiros importados pelo país norte-americano.

Leia também
Pivetta reafirma que é o nome de Mauro para 2026 e minimiza articulações com a direita: ‘candidato dele sou eu’


Segundo Pereira, o impacto imediato já é sentido no campo, com frigoríficos suspendendo compras e o setor operando com cautela.

“Esperamos que o governo brasileiro coloque o bom senso à mesa. Não é hora de embates ideológicos, e sim de sentar, conversar, com dados técnicos e negociações diplomáticas sérias”, defendeu o presidente da Acrimat.

Para ele, retaliações com base na chamada “lei da reciprocidade” podem agravar ainda mais o cenário.

“Esse jogo de ‘aumenta aqui, aumenta lá’ só encarece tudo e nos tira do mercado internacional”, alertou.
A estimativa do setor é que a tarifa, se efetivada, gere perdas de até US$ 1 bilhão apenas nos próximos seis meses, valor equivalente ao que foi exportado para os EUA no primeiro semestre de 2025.

“Se o preço da tonelada da nossa carne subir para US$ 8.600 com essa tarifa, o Brasil está fora do jogo. Não conseguimos competir com Nova Zelândia, Austrália, México, Uruguai ou Argentina. Esse valor tira a gente do mercado”, comentou.

O presidente da Acrimat também explicou que, mesmo com o excedente de carne permanecendo no mercado interno, a medida não deve baratear o preço da carne para o consumidor.

“Essa carne vai ser pulverizada durante todo o segundo semestre, que é justamente o período de maior demanda. E a participação dos EUA nas nossas exportações é muito pequena diante dos 10 milhões de toneladas que exportamos anualmente. Não impacta o preço da gôndola, mas o pecuarista sente na hora”, afirmou.

Segundo ele, o reflexo mais imediato é a desvalorização da arroba do boi.

“No mesmo minuto em que sai a notícia, o preço da arroba já começa a cair. E quem paga essa conta somos nós, produtores.”

Diante do cenário de incertezas, os frigoríficos já interromperam as compras de gado e aguardam os desdobramentos diplomáticos.

“É como se fosse um impacto sanitário. Para tudo e vamos ver o que acontece. Eles já fecharam as compras. Agora esperam. A esperança do produtor é que isso se resolva com negociação, com diálogo técnico, e não com política partidária ou ideológica, que é muito ruim para o setor”, ressaltou.
Imprimir