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Rápido crescimento viabiliza uso de pau de balsa na iLPF no Nortão de Mato Grosso

11 Abr 2013 - 14:50

Gabriel Faria - Embrapa Agrossilvispastoril

Classificada como espécie pioneira, o pau de balsa tem rápido crescimento. Em um ano chega a atingir quatro metros de altura e o tronco pode chegar aos 10 cm de diâmetro. Estas características favorecem seu uso em sistemas integrados de produção, sobretudo em sistemas silvipastoris.

“Talvez a grande diferença do pau de balsa em relação às outras espécies, como até mesmo o eucalipto, seja o crescimento rápido. Isto possibilita, com um ano, um ano e meio, usando é claro uma adubação adequada, entrar com animais no sistema”, afirma o pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril Maurel Behling.

Entretanto, o uso do pau de balsa na integração lavoura-pecuária-floresta (iLPF) deve tomar alguns cuidados. Um experimento feito em uma Unidade de Referência Tecnológica montada na fazenda Gamada, em Nova Canaã do Norte (MT), mostrou que o espaçamento entre os renques deve ser maior do que o utilizado com outras espécies florestais.

Nesta área, os renques de pau de balsa, com três linhas cada um deles, ficaram distantes 20 m. Entretanto, após quatro anos, as copas das árvores bloquearam quase toda a entrada de luz entre os renques, prejudicando o crescimento da planta forrageira.

“Com o pau de balsa, temos que usar distâncias maiores entre os renques. Acredito que a distância deva ficar acima dos 30m. Talvez de 30 a 40m pela estrutura de copa do pau de balsa”, analisa Behling.

O manejo das árvores também é fator crucial para o aproveitamento desta espécie nos sistemas integrados de produção. Assim como em áreas comerciais de plantio de pau de balsa, a poda pode elevar a trifurcação, permitindo maior entrada de luz no sistema.

“Com a poda das árvores é possível formar um fuste maior, não deixando a trifurcação baixa. Com a elevação da copa através da poda, será possível permitir maior passagem de luz para o sub-bosque”, prevê o pesquisador.

Mercado

Se por um lado os produtores reclamam da falta de compradores do pau de balsa, as indústrias argumentam que não compram devido à falta de oferta de matéria prima. De acordo com Claudio Didomenico, proprietário da Compensados São Francisco, o potencial de mercado desta madeira é muito grande, pois ela reúne duas características importantes para a marcenaria: a leveza e a coloração clara e uniforme.

“Temos ideia dos possíveis usos do pau de balsa, mas não temos como saber ao certo, pois não temos oferta. Não tenho como vender para uma indústria moveleira hoje e amanhã ficar sem matéria prima para ofertar. Por isso dependemos da maior quantidade de florestas plantadas”, explica Claudio, que acredita no potencial do pau de balsa.

“A madeira ainda não foi apresentada ao mercado brasileiro. Acredito que ela vai ser utilizada nos mais diversos seguimentos, mas precisa ter a oferta”, ressalta.

Para solucionar este impasse entre a falta de oferta de produto e falta de compradores, todos os envolvidos na cadeia são unânimes em dizer que serão necessárias medidas de incentivo do governo para que a cadeia possa se organizar e se tornar viável.

A Compensados São Francisco, que é parceira da Embrapa na pesquisa realizada em Guarantã do Norte, inclusive já chegou a fazer alguns testes com o pau de balsa. Os compensados desta madeira se mostraram resistentes e mais leves do que os feitos atualmente com madeiras como amescla e pinho cuiabano (paricá), com 350 kg/m³ contra 550kg/m³.

Entretanto, para processar comercialmente o pau de balsa é preciso ter equipamentos específicos para laminar madeiras finas, sendo necessário a compra de novos tornos. Além disso, a heterogeneidade da matéria prima produzida em Mato Grosso é outro problema, uma vez que, segundo Claudio, ainda não é possível saber qual a densidade de madeira ideal para ser utilizada na indústria.

De acordo com o pesquisador da Embrapa Maurel Behling, a seleção de plantas superiores e o melhoramento genético são novas demandas de pesquisa para a cultura. Além de se determinar materiais com maior ou menor densidade, é preciso obter plantas com maior fuste, uma vez que uma das características do pau de balsa é a trifurcação baixa do tronco.

“Há necessidade de trabalhar em cima de materiais com padrão mais elevado e que atenda às exigências de mercado, como árvores com uma trifurcação mais elevada, que possibilite maior fuste, ou até mesmo que não trifurque. Será necessário um trabalho de melhoramento genético, de seleção de matrizes ou clones que tenham estas características”, analisa Maurel Behling.

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