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Quinta-feira, 25 de abril de 2024

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Criadores de cavalo crioulo apostam na genética e ultrapassaram divisas

Com o crescimento da pecuária nos campos do Rio Grande do Sul, surgiu um protagonista na lida diária com o gado: o cavalo crioulo. Remanescente da mistura dos animais trazidos por portugueses e espanhóis para a América, o crioulo gaúcho estava presente em todas as estâncias, no início do século 20. Nos pagos de Bagé, os campeiros precisavam de um cavalo forte, cômodo e com agilidade para o serviço. O animal também tinha que ser dócil e funcional. Para melhorar a raça, importaram garanhões do Uruguai, que cruzaram com as melhores éguas de cada fazenda. Começava assim a etapa mais recente e brilhante da raça crioula no Brasil.

Em 1932, com a fundação da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC), iniciou-se o registro, o que ajudava na identificação dos melhores animais e na seleção genética coordenada pelos proprietários. Na década de 1970, o sangue chileno chegou para moldar definitivamente a raça. Nos anos seguintes, o Freio de Ouro operou uma revolução funcional, selecionando os cavalos pelo desempenho e pela morfologia. Depois disso, todo mundo conhece a história. O mercado do cavalo crioulo cresce a cada ano, com animais atingindo valorização recorde.

— E isso é apenas o começo — afirma o presidente da ABCCC, Manoel Luís Sarmento.

Segundo Sarmento, 90% do mercado do cavalo crioulo está no nos três Estados do Sul — somente o Rio Grande do Sul tem 80% dessa fatia. Ao conquistar os demais rincões do país, a raça tem possibilidades de expansão ainda nem dimensionadas. Os recordes de preço pagos por exemplares da raça em exposições como a Expointer não representam, conforme o presidente da ABCCC, um esgotamento próximo do mercado. Pelo contrário.

— O crioulo é o cavalo mais completo. É bom de sela, cômodo e andadura, mas também é eficiente para muitos esportes como laço, paleteada e vaquejada. Além disso, é um animal extremamente dócil, de temperamento fácil. Por isso conquista tanta gente — explica o criador bajeense Marcelo Moglia, proprietário da Cabanha Cala Bassa.

Depois de forjar, junto com o homem do campo, o perfil da pecuária gaúcha, o cavalo crioulo cumpre hoje um outro papel, segundo Moglia. A ligação com as coisas rurais, com a atmosfera do Interior, perdida para muitos urbanos, é refeita no contato com o cavalo.

— Muita gente recupera, na convivência com o animal, as origens no meio rural. É por isso que acreditamos que a conquista das fronteiras do crioulo em todo o país ainda está por vir — completa.
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