A ex-ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, defendeu a inclusão direta do produtor rural no debate sobre mudanças climáticas e segurança alimentar. A bióloga, que comandou a pasta entre 2010 e 2016, falou durante o Fórum Sustentabilidade e Desenvolvimento Econômico, promovido pelo LIDE em Cuiabá, pretante uma plateia formada principalmente por produtores rurais e nomes da agroindustria de Mato Grosso.
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Segundo ela, não é possível traçar estratégias de adaptação climática sem ouvir quem está na linha de frente da produção de alimentos. “Não tem como discutir segurança alimentar com o risco climático na sala sem a presença de quem produz alimentos. A agricultura tropical brasileira precisa ter o papel de produção de alimento estratégico”, afirmou, nesta quinta-feira (28).
Izabella destacou que o país deve reconhecer suas vulnerabilidades para desenhar soluções consistentes. “O que nos trouxe até aqui, coisas incríveis, não necessariamente vai nos levar para o futuro. O futuro mudou, o mundo mudou”, disse. Para ela, o enfrentamento da crise climática deve ser tratado como questão de desenvolvimento, o que exige a participação de agentes econômicos.
A ex-ministra também cobrou maturidade no debate nacional sobre desmatamento e responsabilização. Lembrou que durante sua gestão o país registrou as menores taxas da série histórica, mas o problema voltou a crescer. “A sociedade brasileira quer o desmatamento, o crime fazendo parte da sua economia? Parece que sim, porque não tem um pacto para proteger a Amazônia e acabar com o crime”, questionou.
Izabella criticou a generalização que associa o agronegócio ao desmatamento ilegal. Ela ressaltou que a maior parte dos produtores cumpre a lei. “O grande produtor não desmata, o pequeno agricultor não desmata, ele cumpre a lei. Por que tem que ser colocada a imagem que ele é o grande vilão?”, afirmou.
Para a ex-ministra, o país precisa “discutir o Brasil como adulto”, construindo pactos políticos que deem credibilidade às políticas ambientais e evitem retrocessos.
