Após anos de expectativa e pressão política, o presidente da Rumo Logística, Pedro Palma, confirmou em entrevista nesta segunda-feira (2) que o trecho ferroviário ligando a Cuiabá à malha estadual será o último a ser executado. A prioridade da empresa será o ramal em direção ao Médio Norte, com destino a Nova Mutum, polo do agronegócio.

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Durante a inauguração da maior ponte da Ferrovia Estadual Senador Vicente Vuolo, construída sobre o Rio Vermelho entre Dom Aquino, Primavera do Leste e Campo Verde, o presidente da Rumo foi questionado sobre a ordem de execução dos trechos. Confirmou, sem rodeios, que o ramal ao Médio Norte será feito antes de Cuiabá.

“Sim, perfeito”, respondeu. “Estamos bastante focados na execução dessa primeira fase, ou seja, na entrega dos primeiros 162 quilômetros da ferrovia. A continuidade para o Médio Norte possivelmente será divulgada até o fim do ano. Em relação ao ramal de Cuiabá, estamos agora trabalhando no licenciamento ambiental", completou.

Licença ambiental é trunfo, mas não cronograma

Apesar da ausência de prazo para o trecho até a capital, Palma alegou que a empresa tem sim interesse na obra. A justificativa é a protocolização do pedido de Licença de Instalação, apresentada em maio deste ano. “A demonstração da protocolização é uma prova clara do nosso interesse, e do compromisso com o governo do Estado”, afirmou.

O trecho entre Santa Elvira (distrito de Rondonópolis) e Cuiabá tem aproximadamente 172 km. A concessão da licença ambiental é vista como etapa indispensável para o refinamento do traçado e, futuramente, o início da construção.

Cargas que não são grãos

Pedro Palma reconheceu que o volume de grãos ainda domina a operação da Rumo, mas afirmou que a empresa também atua no transporte de bens industrializados — tipo de carga que teria mais relação com a capital.

“Já operamos com bastante intensidade cargas industrializadas através da nossa empresa Abrado, uma operação de container super relevante. Faz parte do nosso futuro permitir que essas cargas também acessem a ferrovia", disse Pedro Palma.

Promessa antiga, realidade adiada

A chegada dos trilhos à capital mato-grossense é uma pauta política antiga. Desde que a ferrovia federal parou em Rondonópolis, a inclusão de Cuiabá no mapa logístico virou símbolo de promessa não cumprida. Mesmo com o governo Mauro Mendes defendendo a conexão com a capital, os sinais do setor privado seguem em outra direção.

Com a Rumo controlando o ritmo da obra e priorizando os polos de produção de grãos, Cuiabá mais uma vez assiste ao avanço da modernização logística passar por fora do seu território.

Ferrovia estadual avança sem a capital

A Ferrovia Estadual Senador Vicente Emílio Vuolo é o primeiro projeto ferroviário construído por um governo estadual no Brasil. Com mais de 700 km previstos, a ferrovia conectará 16 municípios — entre eles, Rondonópolis, Lucas do Rio Verde e, futuramente, Cuiabá. O investimento total é estimado em R$ 15 bilhões.

Atualmente, as obras do primeiro trecho, entre Rondonópolis e Campo Verde, estão em andamento. A expectativa é que o terminal central entre em operação até 2026. Enquanto isso, o traçado que liga à capital permanece em estágio de licenciamento, sem previsão de obra.