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Terça-feira, 03 de dezembro de 2024

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CENÁRIO EXTERNO FAVORÁVEL

Desvalorização do real frente ao dólar beneficia produtor rural com venda de commodities, avalia professor

Foto: Reprodução/CNA Brasil

Desvalorização do real frente ao dólar beneficia produtor rural com venda de commodities, avalia professor
A valorização do dólar tem sido destaque na economia brasileira nos últimos dias, principalmente com a cotação atingindo R$ 5,66, maior valor nos últimos dois anos e meio. Declarações do presidente Lula (PT) desagradaram agentes do mercado financeiro, ajudando na elevação do preço da moeda, no entanto, o cenário político externo, principalmente nas eleições americanas também tem valorizado o dólar, não só no Brasil, mas em todo o mundo. Para produtores rurais, os efeitos da mudança cambial podem ser favoráveis.  


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Levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea - Esalq/USP) mostra que os preços internos da soja se mantiveram firmes nos últimos dias, sustentados pela alta do dólar. Por outro lado, os aumentos domésticos foram limitados pelas expectativas de estoques nacionais elevados.

Segundo pesquisadores do Cepea, enquanto parte dos consumidores se mostra abastecida para o médio prazo, muitos produtores evitam comercializar grandes volumes, atentos à valorização do dólar frente ao real, que tende a atrair importadores para o Brasil.

Outro fator que reforçou a retração de agentes foi o fato de o sindicato de indústrias esmagadoras de soja na Argentina ter anunciado greve na última quinta-feira (27), contexto que pode redirecionar a demanda internacional ao Brasil nos próximos dias.

A análise do professor e Doutor em Economia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Guilherme Jacob Miqueleto, é que o cenário está extremamente positivo para o produtor rural. Ao Agro Olhar, o estudioso fala sobre as recentes interferências no mercado agropecuário.

Miqueleto reforça que o dólar continuará valorizado em meio às incertezas políticas, que também são resultado da disputa nos Estados Unidos, entre o atual presidente Joe Biden e o antigo, Donald Trump.

“A gente está vendo um momento muito sério por conta das eleições americanas que estão extremamente conturbadas. Principalmente do ponto de vista do [presidente Joe] Biden, está bem complicado. Nós vimos agora o debate presidencial, extremamente prejudicial para os democratas. Hoje vai sair a primeira entrevista do Biden, depois do debate, vamos ver como vai ser. O que está acontecendo é uma insegurança financeira e política, que faz com que o dólar se valorize no mundo todo. Segundo a revista britânica The Economist, a moeda está extremamente valorizada em 98 países”, afirma o professor.

“Com o dólar valorizado, as commodities são beneficiadas, e os preços sobem, a demanda também sobe. Você tem uma situação em que você tem a soja valorizando, tendo em vista todo o ambiente, o cenário de produção, tanto nacional como internacional. Você tem uma situação em que a Argentina está entrando em greve, né? Os esmagadores, os processadores de soja estão entrando em greve na Argentina por melhores situações de comercialização e na hora que eles entram em greve, não vão processar ali, onde que eles vão pegar, quem quer produto, farelo, óleo, vai pegar no Brasil. Então aumenta a demanda por produtos da soja, aumentando assim o preço dela”, complementa.

Esse é o cenário para o produtor brasileiro, mesmo diante de um Valor Bruto da Produção menor que o praticado em 2023. Conforme explica Guilherme, com o estoque recorde da soja, a perspectiva de todos os valores subindo faz com que o produtor retenha o produto até o mercado estar com os melhores preços e condições para a comercialização.

No entanto, uma taxa de câmbio muito alta também não é muito vantajoso do ponto de vista econômico, pois indica aumento da inflação.

“Imagine só, se você tem uma taxa de câmbio muito alta, não é muito mais vantajoso você pegar seu produto interno e exportar? Sim. Se você exporta seu produto interno, o que acontece com a disponibilidade de produto internamente? Diminui. Havendo uma menor disponibilidade de produto interno, o que acontece com os preços internos? Aumenta. Aumenta o que acontece com a inflação? Aumenta. Então por isso que não é interessante você ter uma taxa de câmbio tão alta”, explica Guilherme Miqueleto.

O professor ainda cita que é necessário prestar atenção em todo o cenário, incluindo o desempenho da produção norte-americana, que irá impactar diretamente nos preços das commodities brasileiras. No entanto, para o cidadão, a previsão é de impactos no orçamento, pois os produtos irão se valorizar, frente a demanda externa.
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