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Sexta-feira, 29 de março de 2024

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Veja lista e detalhes

Estudo aponta agrotóxicos e substâncias cancerígenas na água de Cuiabá e outras 17 cidades de MT

Foto: Rogério Florentino/Olhar Direto

Estudo aponta agrotóxicos e substâncias cancerígenas na água de Cuiabá e outras 17 cidades de MT
Um levantamento realizado pelo Repórter Brasil aponta que testes feitos nas águas tratadas de várias cidades de Mato Grosso apontaram a presença de várias substâncias inorgânicas e elementos radioativos no grau mais elevado de limite de segurança estipulada pelo Ministério Da Saúde e são tidas como causadoras de doenças crônicas quando consumidas em excesso e de forma contínua, como o câncer, de acordo com a Agência Internacional de Pesquisas em Câncer (IARC) Órgão da organização Mundial da Saúde (OMS).

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Em Mato Grosso, os municípios com a presença de substâncias com os maiores riscos de gerar doenças crônicas, como câncer e outras que geram risco à saúde, são: Cuiabá; Campo Verde; Primavera do Leste; Paranatinga; Campinápolis; Sorriso; Arenápolis; Tangará da Serra; Cáceres; Pedra Preta; Altos Garças; Pontal do Araguaia; Comodoro; Juína; Sinop; Marcelândia; Confresa e Guarantã do Norte.
 
Os dados foram levantados pelo Repórter Brasil a partir do Sistema de Informações da Qualidade da Água para Consumo (SISAGUA) do Ministério da Saúde. Os testes foram feitos entre os anos de 2018 a 2020. Os detalhes de cada município podem ser conferidos AQUI.
 
Cuiabá
 
Em Cuiabá, foi detectada, acima do limite, uma substância com os maiores riscos de gerar doenças crônicas, como câncer. Trata-se de Nitrato, que é classificado como provavelmente cancerígeno para humanos pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), órgão da Organização Mundial da Saúde.
 
O nitrato e seus compostos são utilizados na fabricação de fertilizantes, conservantes de alimentos, explosivos e pela indústria farmacêutica na produção de medicamentos vasodilatadores.
 
Paranatinga
 
Na cidade de Paranatinga, foram quatro as substâncias encontradas na água, sendo três (Arsênio; Nitrito e Cloreto de Vinila) com os maiores riscos de gerar doenças crônicas, como câncer e uma (Trihalometanos Total) que também gera riscos à saúde.
 
O arsênio e seus compostos são classificados como cancerígenos para humanos pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), órgão da Organização Mundial da Saúde. A exposição prolongada ao arsênio por ingestão de água está relacionada com aumento do risco para câncer de pele, pulmão, bexiga e rins, bem como outros problemas na pele e tecidos.
 
O ácido arsênico e o trióxido de arsênio, dois compostos inorgânicos desse elemento, são usados como descolorante, clareador e dispersante de bolhas de ar na produção de garrafas de vidro e outras vidrarias.
 
O nitrito é classificado como provavelmente cancerígeno para o ser humano. Ele é utilizado como conservante de carnes e embutidos, e também é encontrado na água potável, no solo, nos vegetais e em fertilizantes, o que aumenta a exposição dos humanos a essa substância.
 
O cloreto de vinila é classificado como cancerígeno, com base em estudos que mostraram que essa substância causa câncer de fígado. O seu principal uso é na produção da resina policloreto de vinila (PVC) na fabricação de tubos e outros plásticos, como revestimento e na manufatura de solventes clorados.
 
Os trihalometanos são um grupo de compostos químicos e orgânicos que derivam do metano. A exposição oral prolongada a esta substância pode produzir efeitos no fígado, rins e sangue.
 
Os trihalometanos são utilizados como solvente em vários produtos (vernizes, ceras, gorduras, óleos, graxas), agente de limpeza a seco, anestésico, em extintores de incêndio, intermediário na fabricação de corantes, agrotóxicos e como fumigante para grãos. Alguns países proíbem o uso de clorofórmio como anestésico, medicamentos e cosméticos.
 
Primavera do Leste
 
Em Primavera do Leste, foram detectadas três substâncias sendo uma (Benzo[a]pireno) que pode gerar doenças crônicas, como o câncer e outras duas (Mercúrio e Urano) que também geram riscos à saúde.
 
O benzo[a]pireno é classificado como cancerígeno para humanos. Além disso, é classificado como mutagênico, ou seja, substância que pode causar dano ao DNA, pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos. Ele pode ser encontrado na fumaça de cigarro e na combustão de veículos automotores e da madeira.
 
O cloreto de mercúrio é classificado como possivelmente cancerígeno, devido ao aparecimento de tumores de estômago, na tireoide e renais em animais. Além disso, a exposição prolongada ao mercúrio afeta os rins e pode alterar o tecido testicular, aumentar as taxas de reabsorção e gerar anomalias no desenvolvimento.
 
Os compostos inorgânicos de mercúrio são utilizados em alguns processos industriais e na produção de outras substâncias químicas. Também são usados em rituais e para fins medicinais. O metilmercúrio, um dos compostos de mercúrio orgânico frequentemente usado em garimpos para extração de ouro, é o mais tóxico e apresenta danos principalmente ao sistema nervoso e pode causar até a morte.
 
A ingestão de urânio em altas concentrações pode causar efeitos na saúde, como câncer ósseo ou hepático, segundo a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos. O urânio é utilizado em reatores nucleares comerciais que produzem eletricidade e para fins medicinais, industriais e militares em todo o mundo.
 
Confira abaixo a lista das substâncias detectadas em cada cidade:
 
  1. Cuiabá: Nitrato
  2. Campo Verde: Níquel
  3. Primavera do Leste: Benzo[a]pireno; Mercúrio e Urano
  4. Paranatinga: Arsênio; Nitrito (como N); Cloreto de Vinila e Trihalometanos Total.
  5. Campinápolis: Trihalometanos Total
  6. Sorriso: Nitrato (como N)
  7. Arenápolis: Acrilamida
  8. Tangará da Serra: Atividade alfa total (radioativa); Cádmio e Urânio
  9. Cáceres: Chumbo; Selênio e Mercúrio
  10. Pedra Preta: Arsênio
  11. Alto Garças: Lindano (gama HCH) e Benzo[a]pireno
  12. Pontal do Araguaia: Cloreto de Vinila
  13. Comodoro: Rádio-228 e Nitrato (como N)
  14. Juína: Níquel
  15. Sinop: Atividade alfa total
  16. Marcelândia: Aldrin + Dieldrin e Mercúrio
  17. Confresa: Ácidos haloacéticos total
  18. Guarantã do Norte: Clordano e Endrin
 
Estudo
 
Todas as substâncias químicas e radioativas listadas oferecem risco à saúde se estiverem acima da concentração máxima permitida pelo Ministério da Saúde. Elas foram detectadas ao menos uma vez nas águas que abastecem estes municípios entre 2018 e 2020.
 
Quando essas substâncias estão acima do limite, a água é considerada imprópria para o consumo. Nesses casos, as instituições de abastecimento deveriam informar a população sobre o problema, assim como sobre as medidas tomadas para resolvê-lo.
 
Para facilitar o entendimento sobre os riscos dos casos de contaminação, foi criada uma divisão entre as substâncias, separando-as em dois grupos de periculosidade:
 
As “substâncias com os maiores riscos de gerar doenças crônicas, como câncer” são as que têm maior evidência de risco à saúde. Elas são listadas como “reconhecidamente” ou “provavelmente” cancerígenas, disruptoras endócrinas (que desencadeiam problemas hormonais) ou causadoras de mutação genética. Essas classificações de risco são da Organização Mundial da Saúde ou das agências regulatórias da União Europeia, Estados Unidos, Canadá e Austrália.
 
Já o segundo grupo “substâncias que geram riscos à saúde” reúne todas as outras que também oferecem risco, segundo a literatura internacional e o Ministério da Saúde. Entre elas estão as "possivelmente" cancerígenas", além das que podem causar doenças renais, cardíacas, respiratórias e alteração no sistema nervoso central e periférico.
 
Os critérios para fixar os limites de segurança para cada substância na água são do Ministério da Saúde, assim como a lista de substâncias que devem ser testadas na água de 2 a 4 vezes por ano.
 
Os riscos são maiores para quem bebe a água imprópria de forma contínua, ou seja, diversas vezes ao longo de meses ou anos. Casos em que a mesma substância aparece acima do limite nos três anos analisados (2018, 2019 e 2020) foram destacados com o alerta máximo no topo da página.
 
Os testes são feitos pelas empresas ou órgãos de abastecimento e enviados ao Sisagua (Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano), banco de dados do Ministério da Saúde que reúne informações de todo o país.
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