Com o Preço de Paridade de Importação (PPI) vigente desde 2016, a Petrobras tem sido alvo de críticas de vários setores da sociedade mato-grossense que fazem o uso diário do combustível. Um levantamento feito pelo
Olhar Agro mostrou que o estado possui o terceiro maior preço médio do óleo diesel do país. O etanol, por sua vez, apesar da oscilação recorrente, apresenta o menor valor médio no ranking nacional.
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De acordo com dados de agosto da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o valor médio do litro do Óleo Diesel nos postos do estado é de R$ 4,93. No ranking nacional de preços mais altos, Mato Grosso ocupa a terceira colocação, ficando atrás apenas do Pará e do Acre, onde, respectivamente, o item custa R$ 5,02 e R$ 5,96.
Em relação ao Etanol, o mesmo banco de dados aponta um dado interessante: custando R$ 4,03, o estado possui o menor preço médio de etanol hidratado de todo o país. Sucedem esta colocação o estado de São Paulo e Paraná, onde, respectivamente, o mesmo combustível custa em R$ 4,12 e R$ 4,31. O preço mais alto fica com o Rio Grande do Sul, com R$ 5,85.
A Gasolina Comum (GC) e a Gasolina Aditivada (GA) possuem preços médios no estado quando comparados com o restante do país. Na colocação nacional, a GC custa em média R$ 5,91 em Mato Grosso, enquanto que a a GA custa R$ 6,01. Com esses valores o estado situa-se, respectivamente, na 16ª e 17ª colocação entre os preços mais caros no país.
Levantamento no Estado
Utilizando o banco de dados da ANP, a reportagem fez o mesmo levantamento do preço por litro do Etanol, Gasolina Comum, Gasolina Aditivada e Óleo Diesel, mas desta vez com os seis municípios que são acompanhados pela plataforma. Sendo eles: Alta Floresta, Cáceres, Cuiabá, Rondonópolis, Sorriso e Várzea Grande.
Foi constatado que a cidade de Alta Floresta lidera o maior preço médio do estado em todas as quatro categorias de combustível. No Etanol, o município atinge R$ 4,64, na GC R$ 6,39, na GA 6,4 e no Óleo Diesel R$ 5,44. Em segundo lugar aparece Sorriso, custando R$ 4,37, R$ 6,04, R$ 6,2 e R$ 5,08 nas mesmas categorias.
Cáceres e Rondonópolis dividem a terceira e quarta colocação, com pouca variação no preço médio dos combustíveis. Cuiabá e Várzea Grande, por sua vez, têm o preço médio mais barato do estado em quase todas as categorias, exceto na GA, onde Cuiabá aparece na terceira colocação.
Polícia de preços da Petrobras
O economista Fernando Henrique da Conceição Dias, mestrando em Economia pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), explicou ao Olhar Agro no que consiste os aumentos consecutivos no preço do combustível. Segundo ele, para entender esse fator, é preciso compreender a política de Preço de Paridade de Importação (PPI), adotada pela Petrobras. Nesse sistema, a companhia se pauta no mercado internacional para salvaguardar acionistas estrangeiros.
“Os preços internacionais acabam interferindo na nossa economia doméstica, justamente por causa da globalização financeira. É bem complicado, porque você tem um PIB [Produto Interno Bruto] e um IDH [Índice de Desenvolvimento Humano] com números muito ruins, o custo de vida do brasileiro perdeu poder e o real está se corroendo. Quando o dólar está alto, a tendência é que a economia doméstica sofra muito com isso. A gente está, infelizmente, com o dólar que já chegou a quase seis reais”, explica Dias.
Sobre o papel do Governo, o pesquisador explica que apesar da tentativa de diminuir a inflação através da alta do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic), a medida é tímida e não tem tido sucesso. Ele cita ainda a desvalorização da moeda brasileira em relação ao dólar, diante, entre outras coisas, da desconfiança do plano de recuperação fiscal brasileiro e grande preocupação com o caminho contrário adotado pelo país em relação a governança climática sustentável, que, segundo ele, fazem com que o Brasil seja mal visto.
“O que precisa ser feito é: a gente precisa fazer a lição da economia doméstica, que não está sendo feita. E a gente só faz isso com uma política de cunho social, uma política de distribuição de renda, de crédito, de custo social. Porém, isso não está ocorrendo, porque a gente está em pandemia, tem o auxílio emergencial, o índice de desemprego aumentou, a gente não está conseguindo ter força de produtividade”, finaliza.