A greve dos caminhoneiros atingiu drasticamente os produtores de suínos e até mesmo os pequenos comerciantes que dependem da renda para a sobrevivência. Foi o caso de uma banca na Feira do Porto, em Cuiabá, que fechou por não ter carne suína para a venda. O proprietário estima prejuízo diário de R$ 2 mil.
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A suinocultura mato-grossense já vinha sofrendo uma crise nos últimos meses, diante dos altos valores dos principais insumos. O preço da saca de 60 kg de milho chegou a R$30 e do farelo de soja a R$1127,00 (tonelada). Isso representa 70% e 20% respectivamente na composição da ração, que tem registrado alta durante várias semanas seguidas desde o início do ano. Na primeira semana de abril, por exemplo, o quilo do suíno atingiu valor de R$2,53. No entanto, para pagar os custos de produção o valor precisa chegar ao mínimo de R$3,30.
Contudo, a crise se agravou após a greve dos caminhoneiros. Produtores estão enfrentando dificuldades com a falta de abastecimento e reposição de insumos e liberação de suínos vivos e com isso as granjas do Estado já apresentam mortalidade de animais por inanição.
Apesar da existência de liminar concedida à Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat) para a liberação de caminhões carregados com insumos, o serviço continua barrado.
Por conta disso, não é possível fazer o abate, que consequentemente afeta os pequenos vendedores. É o caso de Diego Pereira Mattos, que tem uma pequena banca no Porto. À reportagem do
Olhar Agro & Negócios, ele contou que seu pequeno estoque acabou na terça-feira (28). “Não veio carga de lá para cá para abastecer”, contou ele, que extimou prejuízo diário de R$ 2mil. Além disso, ele contou que é a favor do movimento dos caminhoneiros, no entanto ainda desconfia das informações que circulam. “Eles estão falando isso (intervenção militar), mas ninguém sabe o que é verdade o que é mentira. Vamos esperar para ver”, finalizou.
Entenda
O governo federal anunciou, na noite da última quinta-feira (24), uma proposta para suspender a greve dos caminhoneiros por 15 dias. Porém, nesta sexta-feira (25) os manifestantes continuam a bloquear pelo menos 26 trechos de rodovias federais que cortam Mato Grosso. Em outros Estados, a situação é a mesma. Vale lembrar que diversos serviços foram suspensos ou reduzidos por conta da falta de combustível. O protesto já dura cinco dias e tem reflexos em diversos setores.
Os caminhoneiros estão passando dia e noite nos pontos de bloqueio. A comida e água que recebem, são de doações. Além disto, acrescentaram que só pretendem desmobilizar o movimento quando o problema for resolvido.
Na manhã desta quarta-feira, o presidente Michel Temer se reuniu com ministros para discutir a greve dos caminhoneiros, que acontece em todo o país. A conversa ocorre no dia seguinte ao anúncio da Petrobras de redução de 10% no valor do diesel nas refinarias por 15 dias. Com esta decisão, o governo espera conseguir negociar com o movimento dos caminhoneiros, que se queixam do preço final do diesel.
Em razão da greve dos caminhoneiros que paralisaram o transporte e o consequente bloqueio nas bases de distribuição, o abastecimento nos postos está comprometido. Com a falta de produto em alguns estabelecimentos, os usuários passam a procurar outros. Além disto, o medo de que acabe o combustível também aumenta a demanda, o que pode esgotar todas as reservas dos postos.
A mobilização foi proposta pela Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) e iniciou na manhã desta segunda-feira (21). Em razão dos pesados impostos e do baixo valor dos fretes, a categoria afirma que enfrenta uma grave crise e articula ações em todo o país para evidenciar o descontentamento com a atual política econômica. A PRF mantêm o diálogo com os caminhoneiros.