Mobilizados há mais de uma semana com bloqueios pelas rodovias de Mato Grosso, representantes dos caminhoneiros de Sorriso (420 km de Cuiabá) conseguiram uma reunião com membros do Governo Federal, na Casa Civil, em Brasília, na terça-feira (9). Embora o diálogo não tenha avançado com relação a exigência dos profissionais, eles serão recebidos também pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) nesta quarta-feira (9). Alinhados às ações em outros estados, os motoristas protestam contra o aumento no preço dos combustíveis.
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Ao longo de oito dias, as manifestações perderam a força, e, graças à abertura freqüente dos bloqueios no período da noite, madrugada e eventualmente a tarde, postos de gasolina e mercados sequer correram o risco de abastecimento. O líder do Movimento dos Transportadores de Grãos e Derivados (MTG), Gilson Baitaka, também atribui ao enfraquecimento à falta de apoio da sociedade. “Infelizmente a sociedade não se mobilizou conosco. Houve muita adesão nas redes sociais, mais isso não contribui. Estamos lutando por uma causa de todos.”
De acordo com ele a possibilidade de redução nos valores dos combustíveis foi descartada pelo Governo, que, durante a reunião, focou em outros problemas relacionados ao transporte, alegando apenas não possuir recursos no momento. Diante disso, a expectativa agora é que o acréscimo seja derrubado pelo Superior Tribunal de Justiça, que avalia uma denúncia de irregularidade nas tarifações. “Já estive em diversas reuniões como esta, na ANTT, já sei como funciona. Eles reconhecem o problema, mas lamentam não poder resolver.”
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Mesmo sem perspectivas de mudança, os profissionais ainda não cogitam “radicalizar” e bloquear totalmente as rodovias, podendo aumentar assim a pressão social. Gilson explica que as ações deste tipo não vem sendo adotadas porque podem ser desfeitas em curto espaço de tempo e que seriam mais efetivas se todos estivessem mobilizados juntos. “Observamos que a sociedade está muito tranqüila e já muito descrente com relação a tudo e o Governo sabe disso.”
Os protestos são motivados pela alteração, a alíquota do PIS/Cofins para a gasolina mais que dobrou, passando de R$ 0,3816 por litro para R$ 0,7925 por litro. No caso do diesel subiu de R$ 0,2480 para R$ 0,4615 nas refinarias. Para o produtor do etanol, passou de R$ 0,12 para R$ 0,1309 por litro. Para o distribuidor, a alíquota, atualmente zerada, sobe para R$ 0,1964.
Em Mato Grosso os protestos seguem nos municípios de Barra do Garças (540 km de Cuiabá), Sorriso (420 km de Cuiabá), Mutum (320 km de Cuiabá), Vila Rica (1200 km de Cuiabá) e Juara (700 km de Cuiabá). Os caminhoneiros estão bloqueando as vias com pneus, permitindo apenas a passagem de veículos de passeio.