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Sexta-feira, 29 de março de 2024

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Blairo Maggi garante na ONU que o Brasil tem condições de alimentar o mundo, mas cobra equilíbrio ambiental

Foto: Amanda Cieglinski / MAPA

Blairo Maggi fez o discurso do chefe da Delegação Brasil, na 40ª Conferência da FAO

Blairo Maggi fez o discurso do chefe da Delegação Brasil, na 40ª Conferência da FAO

Tratado como chefe de Estado pelos organizadores, o ministro da Agricultura e Pecuária, senador mato-grossense Blairo Maggi (PP), se transformou na principal estrela da 40ª Conferência da FAO, órgão das Nações Unidas (ONU) responsável pela alimentação, em Roma (Itália), nesta segunda-feira (3). “O Brasil é hoje um dos maiores produtores e exportadores de alimentos do mundo. Nossa produtividade aumenta 4% ao ano desde 1975”, argumentou ele, para plateia formada majoritariamente por países com escassez de comida.

Blairo Maggi afirmou que o Brasil tem condições de alimentar o mundo, mas exigiu equilíbrio nas cobranças dos demais, na questão ambiental. “O setor do agronegócio é fundamental para a economia brasileira e o desenvolvimento rural. Dos pequenos proprietários aos grandes produtores, emprega um em cada cinco trabalhadores e responde por mais de 20% do nosso Produto Interno Bruto”, sintetizou ele.  

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O ministro da Agricultura e Pecuária observou que está em desuso a recomendação de setores da sociedade, em alguns países desenvolvidos, contra o consumo de carne, supostamente para reduzir os anos ao chamado efeito estufa. “Recomendações sobre diminuição do consumo de carne bovina devido a emissões de gases de efeito estufa não devem ser feitas pela FAO. Há, inclusive, tecnologia, já desenvolvida pela Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária] para produção de carne bovina com balanço zero de emissões de gases de efeito estufa”, ensinou Maggi.  
 
O respeito aos desafios da Conferencia do Clima (COP21) estão sendo respeitados passo a passo, segundo o titular do Ministério da Agricultura e Pecuária. “A agricultura brasileira se desenvolve de maneira sustentável em linha com a Agenda 2030.  Fornecemos alimentos diversificados, seguros e de alta qualidade para nosso país e para grande parcela da crescente população mundial”, ponderou o ministro.  
 
Maggi pontua também a sandice da Europa, Estados Unidos e parte da Ásia por alimentação considerada saudável. “Sistemas alimentares sustentáveis e dietas mais saudáveis são dois pilares que norteiam as políticas públicas brasileiras”, alertou ele. 
 
A íntegra do discurso de Blairo Maggi, na Conferência da FAO, nesta segunda-feira (3).
 
Senhor Presidente,
Excelentíssimos Chefes de Estado e de Governo;
Ministros, (Diretor-Geral da FAO) e Representantes Permanentes,
 
1. O Brasil reconhece a centralidade dos temas de alimentação e agricultura no sistema das Nações Unidas.  Apoia, desde sua fundação, os objetivos e propósitos da FAO.  
 
 
2. O setor do agronegócio é fundamental para a economia brasileira e o desenvolvimento rural.  Dos pequenos proprietários aos grandes produtores, emprega um em cada cinco trabalhadores e responde por mais de 20% do nosso Produto Interno Bruto.  
 
3. O Brasil é hoje um dos maiores produtores e exportadores de alimentos do mundo.  Nossa produtividade aumenta 4% ao ano desde 1975.
 
4. A agricultura brasileira se desenvolve de maneira sustentável em linha com a Agenda 2030.  Fornecemos alimentos diversificados, seguros e de alta qualidade para nosso país e para grande parcela da crescente população mundial.  
 
5. O maior acesso a mercados é essencial para a redução da insegurança alimentar, fome e má nutrição. 
 
 
6. O Brasil está empenhado em garantir o direito à alimentação, em produzir mais e melhor, valendo-se dos recursos naturais com maior eficiência.  Estamos demonstrando com exemplos práticos que é possível mudar o padrão de produção da agricultura, em particular em áreas tropicais, e desejamos ver esse esforço multiplicado.
 
7. Entendemos que a FAO, no cumprimento do seu mandato, deve priorizar questões relativas à produção de alimentos, à produtividade e à nutrição. Nesse contexto, alimentos de alto valor proteico, como a carne bovina, como bem observou o Comitê de Segurança Alimentar-2016, devem ser reconhecidos pela sua contribuição à segurança alimentar e nutricional.  
 
8. Recomendações sobre diminuição do consumo de carne bovina devido a emissões de gases de efeito estufa não devem ser feitas pela FAO. Há, inclusive, tecnologia, já desenvolvida pela Embrapa - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - para produção de carne bovina com balanço zero de emissões de gases de efeito estufa.  
 
9. Considerações de ordem ambiental vinculadas às atividades agropecuárias devem ser analisadas – criteriosamente – na sua real dimensão e perspectiva, tendo em vista também as peculiaridades de cada país.  
 
10.  O governo brasileiro vem implementando políticas para recuperar áreas degradadas, conservar os solos e aprimorar a gestão dos recursos hídricos.  
 
11.   Apoiamos, de forma clara, a agroecologia, a inovação e os sistemas de produção integrada entre a lavoura, a pecuária e a floresta.  Promovemos o acesso dos agricultores familiares aos mercados, para assegurar-lhes melhores condições de vida e garantir a segurança alimentar. 
 
12.  Um excelente exemplo dessa promoção é o premiado Programa Nacional de Alimentação Escolar, que garante que mais de 40 milhões de crianças recebam diariamente refeições escolares elaboradas com produtos da agricultura familiar.  Adicionalmente, no Brasil, a igualdade de gênero é elemento fundamental para a segurança alimentar e o desenvolvimento rural.  
 
13. Sistemas alimentares sustentáveis e dietas mais saudáveis são dois pilares que norteiam as políticas públicas brasileiras. 
 
14. O Brasil foi o primeiro país a assumir compromissos no contexto da Década de Ação em Nutrição das Nações Unidas.  Encoraja outros países a fazerem o mesmo.  Respalda uma coordenação, ainda mais estreita, entre a FAO e a OMS, sobretudo no âmbito da Década em Nutrição e das atividades do Codex Alimentarius.  
Sr.  Presidente,
 
15. O Brasil é reconhecidamente um grande promotor da Cooperação Sul-Sul e Trilateral.  Busca, assim, compartilhar suas experiências exitosas com outros países.  
 
16. Estamos cientes de que todos os esforços para melhorar a agricultura e a segurança alimentar e nutricional devem considerar os impactos adversos da mudança do clima.  
 
17. Os países em desenvolvimento são os mais afetados pelas emissões históricas das economias industrializadas.  Meu país se soma à comunidade internacional na sua preocupação com os efeitos da mudança do clima na agricultura e na segurança alimentar.  
 
18. A mudança do clima é um grande desafio para todos nós.  Ela exige reforma nos atuais padrões de produção e de consumo, inclusive em relação ao desperdício de alimentos.  
 
19. O Brasil está fazendo a sua parte.  Estamos comprometidos em reduzir as emissões em 43% até 2030, em relação aos níveis de 2005.  
 
20.   A legislação brasileira determina que ao menos 20% da área das propriedades agrícolas deve conservar a vegetação nativa – que retém estoques de carbono e assegura corredores para a biodiversidade. 
 
21.   Esse percentual, que varia de acordo com os diferentes biomas, chega a 80% da área das propriedades rurais no Norte do país.  As margens de rio e fontes de água devem ser preservadas com vegetação nativa, sem nenhum subsídio para o produtor rural. 
 
22.  O Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima e o Programa Agricultura de Baixo Carbono – Programa ABC –, constituem nossa prioridade e indicam resultados positivos, inclusive com aumento da produção e produtividade. 
 
23.   A área de integração com lavoura, pecuária e floresta já atingiu cerca de 12 milhões de hectares em 2016, favorecendo a sustentabilidade e a renda de muitos agricultores. 
Sr.  Presidente,
 
24.   O Brasil respalda os esforços da FAO para ajudar os países a implementar as suas Contribuições Nacionalmente Determinadas, previstas no Acordo de Paris. 
 
25.   Esta Organização tem uma grande vantagem comparativa na promoção da resiliência e da adaptação da agricultura aos efeitos da mudança do clima. 
 
26.   O Fundo Verde do Clima destina metade dos seus recursos para projetos de adaptação.  A FAO deve aproveitar esses recursos para reforçar suas atividades em adaptação, com benefícios adicionais de mitigação. 
 
27.   O combate à mudança do clima e de seus efeitos exige financiamento, tecnologia e capacitação adequados, previsíveis e sustentáveis.  Estimamos que os países desenvolvidos, em particular os principais emissores mundiais, cumpram com seus compromissos perante a comunidade internacional.
 
28.   Reitero o firme apoio do Brasil aos propósitos e objetivos da FAO e ao crucial papel da agricultura para a solução dos enormes desafios atuais.
Muito obrigado, Senhor Presidente.
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