Mato Grosso conta com 18 plantas frigoríficas paradas de um total de 40. Para o presidente do Instituto Mato-grossense da Carne, Luciano Vacari, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Frigoríficos, instituída pela Assembleia Legislativa de Mato Grosso, não só possui legitima para trabalhar o assunto, como cabe a ela também mostrar os motivos que levaram diversas unidades a paralisarem suas atividades, bem como tentar construir uma agenda positiva para a reabertura das mesmas.
A CPI dos Frigoríficos investiga o cartel das empresas de abate bovino em Mato Grosso, além do atendimento das obrigações impostas nos termos de compromisso firmados entre o poder público e os empresários para a concessão de financiamentos e incentivos fiscais. Estima-se que os prejuízos causados por um suposto cartel da carne pode ter chegado a R$ 500 milhões. A CPI tem como foco principal a normatização e fiscalização do segmento.
"Os deputados possuem toda a legitimidade para trabalhar esse assunto e é um assunto extremamente relevante economicamente para o Estado. Nós sabemos que nos últimos anos várias indústrias frigoríficas paralisaram os seus abates por diferentes motivos. Acho que cabe a CPI mostrar esses motivos, tentar construir uma agenda positiva para nós reabrirmos o máximo de unidades possíveis", pontua o presidente do Imac, Luciano Vacari.
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A variação da oferta de bovinos, segundo Vacari, sempre existiu e vai continuar ocorrendo. Como o Agro Olhar já comentou, o aumento de abates de bovinos machos em Mato Grosso de 11,7% em 2016, até julho, limitará o crescimento de estoque de machos em 2017. O “Perspectivas de Curto Prazo para o Rebanho de Machos em MT”, realizado a pedido da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), ao Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), apontam uma disponibilidade (estoque) para 2017 em Mato Grosso de 4 milhões de cabeças de bovinos machos. Já para 2018, a expectativa é que sejam 4,48 milhões de cabeças.
Das 40 plantas frigoríficas que existem em Mato Grosso apenas 22 estão em plena atividade, contudo operando com apenas 39,82% da sua capacidade industrial instalada.
"Se Mato Grosso que tem o maior rebanho comercial não tem condições de atender a indústria frigorífica instalada ao próprio Estado nenhum outro terá. Nós temos aqui total condição de atender as nossas unidades. São plantas que tem as mais diversas habilitações para exportar para mais de 80 países, por exemplo", salienta Vacari. Ele destaca ainda que a cadeia é "rentável e a tomada de decisão tem que ser levando em consideração aspectos técnicos e financeiros".
O presidente do Imac ressalta ainda que "Vivemos um momento, nos últimos anos, de uma oferta relativamente curta de gado, mas ao mesmo tempo de exportações altas e rentabilidades altas. Nós imaginamos que podemos ter a reabertura de algumas unidades".
Abates fora de Mato Grosso
Em 2016, aproximadamente 600 mil cabeças de gado provenientes de Mato Grosso foram abatidas em outros Estados, como São Paulo, Mato Grosso do Sul e Goiás. Conforme Luciano Vacari, a questão do ICMS é uma ferramenta a disposição dos Estados. Enquanto o ICMS do boi de pé em Mato Grosso é de 7%, no Mato Grosso do Sul é de 12%, por exemplo.
"Nos últimos meses nós tivemos aproximadamente 600 mil cabeças que deixaram Mato Grosso para serem abatidos em outros Estados, mas o interessante disso tudo é que eles saíram do nosso Estado para serem abatidos em unidades frigoríficas de grupos que possuem plantas em Mato Grosso, ou seja, teoricamente esses grupos frigoríficos não tem tido uma grande desvantagem", explica.
De acordo com Vacari, o que determina para que um animal saia de Mato Grosso para ser abatido em outro Estado é a "questão de mercado".