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Quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Notícias | Tecnologia

Embrapa e Embrapii unem-se para pesquisas em Química Renovável

A corrida tecnológica para o desenvolvimento de novos processos limpos que atendam às metas estabelecidas pela COP 21 ganhou um reforço. A Embrapa Agroenergia (Brasília, DF) foi escolhida para sediar uma unidade da Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial) para o desenvolvimento de tecnologia para biocombustíveis e produtos químicos de origem renovável utilizando microrganismos e enzimas. "Isso coloca a pesquisa agropecuária ainda mais próxima da pesquisa industrial para o desenvolvimento de bioprodutos. É um marco singular no fortalecimento da nossa relação com as indústrias, por meio de parcerias público-privadas", diz o chefe-geral da Embrapa Agroenergia, Manoel Souza. A instituição é a primeira da região Centro-Oeste a ser credenciada pela Embrapii.


Serão destinados R$ 5,9 milhões da Embrapii às pesquisas, que devem ser aplicados num período de seis anos e somente em ações em parceria com indústrias. Esses recursos podem ser utilizados para custear até 1/3 do valor de cada projeto. A indústria parceira precisar financiar mais 1/3 do montante; a Embrapa completa os recursos restantes, que correspondem a infraestrutura e pessoal. Assim, o volume total a ser aplicado nas pesquisas deve chegar a R$ 17,7 milhões.

Foco principal dos estudos a serem desenvolvidos, microrganismos são peças-chave para a economia menos dependente de petróleo que tanto foi defendida na semana passada, durante a COP 21. Eles convertem folhas, bagaços, caldos, óleos e outros derivados da biomassa em combustíveis renováveis ou moléculas que servem de matéria-prima para diversos produtos nas indústrias químicas e de transformação. Podem fazer isso diretamente, como é o caso das leveduras que fermentam o caldo da cana-de-açúcar, gerando etanol. Outra forma de integrarem a indústria de base biotecnológica é produzindo enzimas que, por sua vez, são empregadas de diversas formas, a exemplo da lavagem de jeans na indústria têxtil e a produção de detergentes. Atualmente, tem ganhado a atenção o uso delas para desconstruir a celulose da parede vegetal, originando moléculas de açúcares que, posteriormente, podem ser convertidas em diversos produtos químicos.

Outra forma de integrarem a indústria de base biotecnológica é produzindo enzimas que, por sua vez, são empregadas de diversas formas. Atualmente, tem ganhado a atenção o uso delas para desconstruir a celulose da parede vegetal, originando moléculas de açúcares que, posteriormente podem ser convertidas em diversos produtos químicos. Enzimas também têm potencial de tornar mais limpos processos como o da produção de biodiesel. A substituição do hidróxido de sódio por lipases na fabricação do biocombustível pode reduzir o volume de efluentes gerados. Dados da maior corporação produtora de enzimas estimam o mercado global nesse segmento em R$ 16,8 milhões.

O potencial é tão grande quanto a necessidade de pesquisas. Primeiramente, há a rica biodiversidade microbiana brasileira sobre a qual muito pouco se conhece. É a principal fonte onde pesquisadores de diversas unidades da Embrapa buscam linhagens de bactérias, microalgas e fungos que sejam eficientes no processamento da biomassa e biorremediação de resíduos, além de adaptáveis às condições industriais. Trabalhos para melhoramento e engenharia genética, bem como o escalonamento de produção de enzimas, fundamentais para obter microrganismos com aquelas características, também estão sendo realizados.

Todas essas linhas de pesquisa já fazem parte da atuação da Embrapa Agroenergia. A competência técnica da equipe e a estrutura da Unidade foram dois fatores avaliados pela Embrapii para o credenciamento. A Unidade conta com 31 pesquisadores-doutores e 18 analistas dedicados à pesquisa, dos quais 17 são mestres ou doutores. A infraestrutura para desenvolvimento dos projetos conta com quatro laboratórios e uma área de plantas-piloto.

Interação com a indústria

A Embrapa Agroenergia já possui projetos de pesquisa com indústrias da área química e da construção civil. Contudo, o credenciamento como unidade Embrapii confere agilidade e flexibilidade para atender às demandas de novas empresas, explica o pesquisador Bruno Brasil, coordenador da iniciativa. Normalmente, o caminho para uma pesquisa em conjunto é a elaboração de um projeto que depois é submetido a fontes de financiamento, conforme a abertura de editais. Isso pode ser um processo lento, que resulta na espera de até dois anos (ou mais) pela chegada do dinheiro. Com o credenciamento na Embrapii, já há recursos disponíveis de antemão para atender a demandas de indústrias nas áreas proposta. "A ideia é trabalhar ao lado das empresas para gerar soluções sustentáveis que cheguem efetivamente ao mercado", afirma Brasil.

Propostas de projetos já estão sendo discutidos com algumas empresas, mas a Embrapa Agroenergia espera receber mais indústrias interessadas em investir em inovação. "Nós precisamos que as empresas compartilhem conosco os problemas que enfrentam para que juntos possamos desenvolver soluções que façam a diferença no desenvolvimento sustentável", convida o chefe-geral do centro de pesquisa.

Esse foi a primeira vez que a Embrapii destinou recursos para a área de biotecnologia. "O total de recursos demandados por todas as propostas foi de R$ 901,7 milhões. Ou seja, existe um potencial mercado de investimentos em inovação na área biotecnologia", destaca o diretor presidente da EMBRAPII, Jorge Guimarães. Foram 38 instituições concorrentes. Além da Embrapa Agroenergia, foram credenciados o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e o Núcleo Ressacada de Pesquisa em Meio Ambiente (REMA/UFSC).
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