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Sexta-feira, 29 de março de 2024

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DENÚNCIA

Metade da reserva indígena Marãiwatsédé já pegou fogo este ano

Foto: Prevfogo

Metade da reserva indígena Marãiwatsédé já pegou fogo este ano
Incêndios avançam sobre a terra indígena Marãiwatsédé, principalmente nas áreas próximas à sede do município de Alto Boa Vista (1,1 mil km a Nordeste de Cuiabá), segundo denúncia das organizações não governamentais (ONGs) Operação Amazônia Nativa (Opan) e Instituto Socioambiental (ISA). Conforme as imagens de satélite, quase 50% dos 165,2 mil hectares já pegaram fogo este ano.

As ONGs suspeitam que os incêndios sejam criminosos, pois novos focos surgem a cada dia, mesmo com o trabalho de vigilância de equipes de brigadistas. “O fogo está ameaçando o modo de vida e a integridade física dos índios Xavante, pois impacta a biodiversidade da região e põe em risco toda a população do entorno”, informou a Opan, em nota.

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Desde o dia 24 de julho de 2015, equipes da Fundação Nacional do Índio (Funai) e uma brigada do Prevfogo/Ibama estavam na região apenas para proteger áreas essenciais à fundação de novas aldeias, plantios e gado para alimentação dos indígenas. “Não houve combate a todos os focos por falta segurança para os servidores”, diz a assessoria.

O coordenador da brigada de Bordolândia do Prevfogo, Sandro Benevides do Carmo, defende que como os incêndios seriam criminosos e há um forte clima de conflito na região, os brigadistas precisam de segurança policial para atuar. “Não temos poder de polícia. Houve uma orientação de Brasília para que não nos colocássemos em risco até que a Funai conseguisse apoio da polícia”, disse.

Benevides afirma, ainda, que os brigadistas não têm recursos e nem pessoal suficiente para combater o fogo, por isso estavam somente protegendo áreas indicadas pelos Xavante como estratégicas. A brigada se retirou da área na noite da ultima segunda-feira (10) e aguarda ordens para retomar os trabalhos.

Para o coordenador regional da Funai em Ribeirão Cascalheira, Alexandre Croner, a situação é grave e pede intervenção urgente. “Estão atentando contra a vida dos indígenas. Isso é caso de polícia e a impunidade só aumenta as possibilidades de outros crimes como esse”, afirma.



O mapa mostra em amarelo/vermelho os focos de incêndio na Marãiwatsédé entre os dias 7 e 9 de agosto de 2015. No dia 9 eram mais de 3000 focos identificados. A característica e a localização desses focos, próximos às estradas e em áreas pouco acessadas pelos indígenas indicam, segundo o Ibama, que os mesmos são de origem criminosa.

A Funai deve entrar com um pedido formal junto à Polícia Federal para abertura de inquérito, solicitando a investigação e responsabilização dos mandantes e executores dos incêndios ainda nesta semana. Além disso, o órgão indigenista e os Xavante solicitam que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) inicie uma operação de fiscalização na BR-158 para evitar a entrada de invasores. Eles apresentarão também uma denúncia ao Ministério Público Federal, no município de Barra do Garças, informa a assessoria.
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