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Quinta-feira, 28 de março de 2024

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REPAGINAÇÃO

Sistema de Agricultura Familiar será criado envolvendo Intermat e Empaer

Foto: José Medeiros/GCom-MT

Sistema de Agricultura Familiar será criado envolvendo Intermat e Empaer
A Agricultura Familiar é uma das prioridades do governo Pedro Taques. A repaginação do Instituto de Terra do Estado (Intermat) e da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer), principalmente, tem como intuito em reduzir pelo menos 40% à importação de alimentos da agricultura familiar de outros Estados, como Goiás.

Conforme o secretário de Agricultura Familiar e Regularização Fundiária, Suelme Evangelista Fernandes, as duas autarquias passam por reformulação visando “um incremento significativo na balança local de comercialização, de impostos e todos os benefícios derivados do fomento à produção agrícola”.

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Em entrevista ao Agro Olhar, Suelme Evangelista revela que o projeto da Central de Abastecimento do Estado de Mato Grosso S.A. (Ceasa-MT) está tendo seu papel reavaliado pelo governador Pedro Taques, pois "achamos que não dá para funcionar com o conceito que foi construído no governo passado". Conforme o secretário, o mesmo ocorre com a Central de Abastecimento de Alimentos da Agricultura Familiar de Várzea Grande que hoje é utilizada como "uma feira popular".

Confira a seguir entrevista com o secretário de Agricultura Familiar e Regularização Fundiária, Suelme Evangelista Fernandes:

Agro Olhar - Como está à questão da Agricultura Familiar aqui em Mato Grosso? A Secretaria está fazendo auditorias e fiscalizações para saber como é que está esta situação?

Suelme Evangelista - Nós estamos nestes 100 primeiros dias. Suspendemos uma série de ações da Secretaria e estamos com um grande esforço para fazer o primeiro Plano Estadual de Agricultura Familiar do Estado. É o primeiro diagnóstico para saber os potenciais, as cadeias produtivas e os principais problemas para fomentar a agricultura no Estado. Eu acho que isso é o marco zero da agricultura. No nosso entendimento só assim nós vamos começar a pautar as ações e não ser pautado. Hoje, a Secretaria é pautada por demandas espontâneas que vem dos municípios, que vem dos sindicatos e nem sempre essas demandas espontâneas elas racionais, são técnicas, elas impactam diretamente em alguma melhoria na produção local. Então, precisamos primeiro tirar essa fotografia, esse raio-x de qual é a situação da Agricultura Familiar para pensarmos em um grande plano de ação. Então, suspendemos por algum tempo as ações estratégicas para que a gente possa recomeçar com outra configuração, com outro conceito de agricultura que possa ser menos objeto de intervenção da má política e que seja construtiva. E o que é mais importante disso é que nós vamos criar o Sistema de Agricultura Familiar envolvendo o Intermat e a Empaer, como foi há 12 anos. Esses órgãos, hoje, vão ser braços operacionais da Secretaria, para que possamos ter capilaridade e eficiência. Acho que o desafio é colocar a Secretaria no lugar de sua missão institucional, que é de ser um grande órgão de formulação de políticas estratégicas.

Agro Olhar - E o Intermat e a Empaer. O que está sendo feito?

Suelme Evangelista - Já iniciamos um trabalho a pedido do governador e já existe hoje um projeto de um novo Intermat, assim como também de uma nova Empaer, que serão refundados em outros conceitos. A Intermat irá fazer neste ano 40 anos e temos que reabri-lo com novos conceitos éticos e transparência, além de eficiência, principalmente. Já temos bons diálogos com o Incra para fazer uma cooperação técnica e a gente definitivamente poder fazer corretamente política pública de qualidade, principalmente, aos 761 assentamentos deste Estado e, especialmente, para todos aqueles que vivem da Agricultura Familiar.

Agro Olhar - Podemos dizer que veremos uma reformulação da Agricultura Familiar?

Suelme Evangelista - Com certeza. A mensagem do governador e determinação foi muito clara em focar na Agricultura Familiar como uma grande estratégia não só de política social, mas de fomento a produção. Então, quando se fala em Agricultura Familiar não estamos apenas pensando na agricultura de subsistência, sustentável e ecologicamente viável. Nós estamos falando de início de produções que podem dar um "upgrade", que pode dar uma melhoria e um incremento significativo na balança local de comercialização, de impostos e todos os benefícios derivados do fomento à produção agrícola. Então, acho que dá para em um curto prazo pensar que Cuiabá possa ser definitivamente um grande celeiro de produção agrícola e que vai colocar comida na mesa do trabalhador que eu acho que a gente quer, invertendo essa lógica de importação. Não dá para o nosso comércio da agricultura local servir para bancar a agricultura familiar de Goiás, de São Paulo. Então, vamos caminhar com uma autossuficiência e diminuir pelo menos 40% dessa realidade, construindo uma direção de autossuficiência já é um grande ganho.

Agro Olhar - E a capacitação destes pequenos produtores? Vocês irão trabalhar isso?

Suelme Evangelista - A nova Empaer já está sendo reconstruída em um novo conceito de autossuficiência técnico profissional e nós queremos estruturar algumas unidades da Empaer para chegar até 100% no final da gestão para que possam ser dotadas de todas as condições técnicas e estruturais para chegar até ao homem do campo. Então, vamos ter metas, objetivos e nós vamos refazer, reorganizar e reestruturar todo o setor das 121 unidades da Empaer que existem no Estado, que é a nossa voz, nossa perna, nosso braço lá na ponta com o trabalhador. E aí acho que dando assistência técnica, dando regularização fundiária e já estamos discutindo uma política de microcrédito, através do MT Fomento, nós temos insumos necessários para essa agricultura de produção familiar começar a acessar ao mercado e poder trazer objetivamente alguns benefícios para todos nós.

Agro Olhar - E a situação do Ceasa como ela está?

Suelme Evangelista - O Ceasa está em fase de analise pelo governador Pedro Taques. Não se inicia uma política de agricultura familiar pelo final, ou seja, o final é a comercialização. Precisamos avançar muito no arranjo da produção, na assistência técnica, na organização das cadeias produtivas para aí sim ter a necessidade de se comercializar. Por enquanto, ainda é municipiente o nível da organização produtiva. Nós vamos chegar, ainda, nesse nível de comercialização. Eu não acho que esse grande projeto representa objetivamente um anseio nosso quanto agricultura familiar. O governador está reavaliando o papel do Ceasa. Mas, achamos que não dá para funcionar com o conceito que foi construído no governo passado.

Agro Olhar - O governo de Mato Grosso está reavaliando o modo como está sendo utilizada a Central de Abastecimento de Alimentos da Agricultura Familiar de Várzea Grande. Como está essa reavaliação?

Suelme Evangelista - Infelizmente, aquilo ali é um projeto implantado subutilizado, que virou uma feira de rua, quase uma feira popular, sem muita finalidade social em um espaço bacana. Mas, estamos reavaliando como este espaço pode ser reutilizado com a finalidade realmente da comercialização da agricultura, não como feira de varejinho. É um Centro de Abastecimento e tem que ter no mínimo uma escala boa de produção e uma perenidade dessa produção, ela não pode ser sazonal. O dia que conseguirmos fazer esse arranjo aí espaços como este, como o Ceasa, como qualquer outro ele passa a ser estratégico, concomitante ou não, mas precisamos atacar primeiro o início de tudo que é organizar o setor produtivo. Esse que é o nosso desafio.

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