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Quinta-feira, 18 de abril de 2024

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NA EMBRAPA

Estudo realizado em Sinop comprova mitigação de gases de efeito estufa pela ILPF

As primeiras análises dos dados comprovam que a chuva é o fator meteorológico que mais influencia as emissões de gases causadores de efeito estufa, como o óxido nitroso (N2O), metano (CH4) e gás carbônico (CO2).

Foto: Assessoria

Pesquisa foi feita na Embrapa Agrosilvipastoril, em Sinop

Pesquisa foi feita na Embrapa Agrosilvipastoril, em Sinop

Resultados preliminares de pesquisa desenvolvida na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), na unidade Agrossilvipastoril, em Sinop, demonstraram a eficiência dos sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) na mitigação de gases de efeito estufa, informa a assessoria de comunicação. Após um ano de análise, os dados obtidos mostram que em um sistema silviagrícola o componente florestal torna positivo o balanço de emissões de gases de efeito estufa (GEE) do sistema.

A pesquisa mostra que, em área de lavoura convencional, há um fluxo maior de emissões de N2O durante a safra, com a identificação de picos intensos logo após a adubação. Entretanto, quando se analisa uma área com integração entre agricultura e floresta, observa-se que as emissões de óxido nitroso tendem a ficar em equilíbrio. "A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, por possuir grande área de floresta dentro da parcela, mantém as emissões do sistema em nível muito baixo, próximo de zero. Temos variações provocadas pela adubação da lavoura, mas na média do sistema as emissões são baixas", explica o pesquisador da Embrapa Renato Rodrigues.

A pesquisa iniciada no fim de 2013 avaliou as emissões de gases de efeito estufa pelo solo durante um ano em um sistema de ILPF com renques triplos de eucalipto, com lavoura de soja, seguida de milho consorciado com braquiária na safrinha. Para isso, foram coletadas semanalmente amostras de gases por meio de câmaras estáticas de uso manual. As milhares de amostras estão sendo analisadas em laboratório por um equipamento chamado cromatógrafo gasoso.

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As primeiras análises dos dados comprovam que a chuva é o fator meteorológico que mais influencia as emissões de gases causadores de efeito estufa, como o óxido nitroso (N2O), metano (CH4) e gás carbônico (CO2).

Em uma área de floresta plantada, há maior emissão de óxido nitroso, por exemplo, durante o período chuvoso, de novembro a maio. Durante a seca o sistema passa a retirar o gás da atmosfera, assimilando-o ao solo. No caso do metano, há maior emissão durante os meses de janeiro e fevereiro, quando o solo fica mais encharcado na região norte de Mato Grosso.

Além de comprovar o efeito mitigador dos sistemas integrados, as pesquisas demostram que plantações somente de florestas também possuem essa característica. As análises processadas mostram grande potencial de assimilação de metano, uma vez que na maior parte do ano, o balanço das emissões é negativo, ou seja, a plantação absorve mais do que emite gases de efeito estufa.

"Está sendo comprovado que a ILPF tem grande potencial de mitigação. Queremos chegar em um fator de emissão, que vai ser um valor usado como referência no monitoramento do Plano ABC [Agricultura de Baixa Emissão de Carbono]", explica o pesquisador Renato Rodrigues, referindo-se ao plano governamental que estimula a adoção de tecnologias de baixo carbono como forma de reduzir as emissões da agricultura brasileira.

Para se chegar a um fator de emissão para a ILPF, a pesquisa ainda fará em 2015 a correlação das emissões de gases de efeito estufa pelo solo com informações sobre química e física do solo, biomassa, características de clima e, quando a pecuária fizer parte do sistema, emissões dos bovinos por fermentação entérica.

Resultados de pesquisa irão subsidiar política nacional

Devido ao grande volume de dados coletados pela pesquisa, a maior parte das informações ainda está sendo processada. Ao se acrescentar os dados que serão coletados na safra 2014/2015, pesquisadores da Embrapa e estudantes de pós-graduação ligados ao trabalho iniciarão a publicação das informações em revistas científicas.
Após isso, as informações geradas sobre fatores de emissão em sistema ILPF passarão a nortear o desenvolvimento de políticas do governo federal visando à mitigação das emissões de gases de efeito estufa no setor agropecuário, como o Plano ABC.

"Estamos trabalhando de maneira bastante alinhada com o laboratório de monitoramento do Plano ABC e com os tomadores de decisão. A ideia é que a ciência forneça informações para subsidiar políticas públicas", afirma Renato Rodrigues.

O Plano ABC foi criado pelo governo brasileiro como forma de estimular a adoção de tecnologias de baixa emissão de carbono no campo, como a ILPF, as florestas plantadas, a reforma de pastagem, o plantio direto na palha, a fixação biológica de nitrogênio e o tratamento de dejetos. Este plano é uma das ações para cumprir o compromisso voluntário assumido pelo País na Conferência do Clima de Copenhagen em 2009 (COP 15). Naquela ocasião, o Brasil se comprometeu a reduzir de 36,1% a 38,9% de suas emissões de gases de efeito estufa até 2020.

De acordo com o pesquisador Renato Rodrigues, devido à inexistência de fatores de emissão validados nas condições de clima e solo brasileiras, na elaboração do Plano ABC foram utilizados dados obtidos por meio das poucas publicações existentes na época, gerando números genéricos sobre as emissões do País. Por isso, com a adoção dos fatores locais, é possível que o Plano seja reajustado, aumentando ou reduzindo a meta de expansão da área com ILPF. Na versão inicial, o objetivo é levar os sistemas integrados para mais quatro milhões de hectares.

"Pode ser que o potencial de mitigação da ILPF seja bem maior do que estava previsto no ABC. Se o valor do Plano estiver menor do que a realidade, talvez com uma área menor o País já consiga cumprir o valor que quer mitigar", explica.

De acordo com o compromisso assumido, o Brasil tem até 2020 para comprovar a redução nas emissões de gases de efeito estufa. Dessa forma, as pesquisas desenvolvidas pela Embrapa terão papel fundamental para embasar a elaboração do inventário nacional sobre o setor agropecuário.
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