Olhar Agro & Negócios

Segunda-feira, 29 de abril de 2024

Notícias | Agronegócio

Inovação transforma propriedades rurais em empresas bem-sucedidas

As propriedades rurais do oeste catarinense surpreendem pela utilização de tecnologias avançadas, patrimônio diversificado, organização, gestão do processo produtivo e logística adequada. Por trás de todo esse processo existem famílias, pessoas que pensam e agem de forma inovadora, reafirmando que esses empreendimentos nada mais são do que empresas rurais.

O associado da Cooperativa Regional Itaipu (Cooperitaipu), Antônio José Maldaner, a esposa Ivanir e os filhos Márcio e Maicon são exemplos concretos de que uma propriedade familiar bem administrada se consolida como um empreendimento sólido, com boa rentabilidade e qualidade de vida no trabalho. Com foco na avicultura, bovinocultura de leite e suinocultura, a área rural de 13,5 hectares da família abriga atualmente 400 suínos na terminação, 22 vacas de leite e dois aviários que alojam cerca de 33 mil aves por lote.

A constante busca por conhecimento foi a grande estratégia para a expansão dos negócios da família. Tudo começou quando Maldaner e a esposa participaram do “D’ Olho”, em 2000, e do “QT Rural”, em 2002, – cursos que fazem parte do Programa de Desenvolvimento dos Empreendedores Rurais Cooperativistas sustentado pela Coopercentral Aurora Alimentos e cooperativas agropecuárias, Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop) e Sebrae/SC, que também desenvolveu a metodologia.

De lá pra cá, a propriedade inovou o modelo de gestão, investiu em várias tecnologias e, com isso, aumentou a produção em pelo menos 10 vezes. O produtor exemplifica que na época eram produzidos cerca de 80 mil litros de leite por ano. Hoje, a família entrega 200 mil litros por ano. “A primeira alteração após participar das capacitações foi com relação à maneira de pensar e agir, pois achávamos que deveríamos seguir as orientações dos pais. Em seguida, começamos a planejar de forma diferente, focamos no que era viável e fizemos os primeiros investimentos em tecnologias em 2001”, lembra o produtor.

Em 2004, a família aplicou o pastoreio Voisin, visando aproveitar melhor as potencialidades da propriedade e fortalecer a produção de leite a base de pastagens.Também foi implantada tecnologia para adequação do processo produtivo leiteiro, que reduziu de 1 milhão de bactérias para 12 mil por mililitro, quando a normativa brasileira prevê até 700 mil bactérias por mililitro. Em razão dessa qualidade, a família recebe seis centavos a mais por litro.

Atualmente, o produtor participa do “Times de Excelência”, visando a troca de experiência, inovação e melhorias constantes. “Graças ao Sebrae/SC, hoje temos sucesso nas atividades. Os treinamentos também oportunizaram a gestão do tempo, planejamento dos investimentos e controle financeiro, o que nos proporcionou solidificação e percepção da margem real do ganho”, realça o empresário.

Como reconhecimento à qualidade na propriedade rural, o empreendedor foi finalista estadual do Prêmio MPE Brasil em 2010, vencedor catarinense em 2011 e finalista nacional neste ano. Em 2009 conquistou o 1o lugar do Prêmio Aury Luiz Bodanese e em 2011 conquistou o 2o lugar na mesma categoria. As próximas metas incluem o melhoramento genético do rebanho leiteiro através da implementação de tecnologia para transplante de embrião e gestão alimentar. Com relação aos suínos, o objetivo é reduzir ainda mais os custos com mão de obra.

A Cooperitaipu conta com cerca 2.200 associados que atuam com foco na produção de leite, suínos, aves, grãos e fumo de sete municípios de sua área de abrangência. Destes, cerca de 60% participaram do “QT Rural” e aproximadamente 70% participaram do “D’ Olho”. O “Times de Excelência” formou cinco grupos em 2011 e conta com seis grupos em andamento neste ano. As propriedades variam de 12 a 15 hectares.

Segundo o vice-presidente da Cooperitaipu, Serafim F. Thiesen, o ponto-chave que a cooperativa consegue atingir com os programas está relacionado à informação e formação do quadro social, o que possibilita cumprir o 5o princípio do cooperativismo. “É uma forma de atualizar os produtores e oportunizar o acesso à tecnologia. Observamos com alegria que os empresários rurais que passaram pelo programa se diferem dos demais. O próprio produtor tem qualidade de vida melhor”.

Entre os resultados perceptíveis nos participantes do “QT Rural” e “D’ Olho”, a coordenadora do QT Rural, Gilda Schmidt Valente, aponta que a primeira mudança é na forma de pensar. Com relação ao QT, ela destaca que os produtores e familiares aceitam o uso de novas tecnologias, percebem que é necessário evoluir, começam a entender o planejamento e os processos administrativos. “Quando há sucessão familiar, toda a família se sente mais segura, pois a família está envolvida no processo”.

O programa “D’ Olho”, segundo Gilda, permite a mudança de hábitos, costumes, forma de organização, além de estimular a criatividade e melhorar a autoestima. “Quando concluem o programa, geralmente avaliam que a propriedade é o melhor lugar para se viver”.

Outro ponto importante na avaliação da coordenadora do QT Rural e do presidente da Cooperitaipu é o fato de os instrutores trabalharem de acordo com a realidade das propriedades. “A parceria entre Coopercentral Aurora, Cooperitaipu e prefeitura municipal também é fundamental para o sucesso do programa. Hoje não festejamos o dia do colono, mas sim o dia do empresário rural porque as propriedades são empreendimentos estruturados com gestão empresarial e planejamento”, destaca.
Entre em nossa comunidade do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
Sitevip Internet