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Domingo, 28 de abril de 2024

Notícias | Agronegócio

Após forte seca, fluxo do milho é alterado nos EUA

A seca devastadora nos Estados Unidos está derrubando os padrões tradicionais de movimento dos grãos, com dezenas de trens e balsas embarcando milho de Dakota do Norte ou de Mississippi rumo ao cinturão produtor de milho ao invés de irem para a costa do país.

Produtores e processadores de etanol no segundo maior estado de milho dos EUA, Illinois, onde a produtividade média do grão foi a menor em quase 25 anos, estão "importando" milhões de bushels de milho --um volume sem precedentes-- de Dakota do Norte, que produziu uma safra recorde neste ano, disseram fontes do mercado. O milho do norte do país está atingindo até mesmo Estados importantes de pecuária como Texas e Oklahoma.

Alguns Estados ao sul, que também foram poupados do pior da mais extensa seca em meio século este ano, estão embarcando balsas de milho pelo rio Mississippi acima, em direção ao interior, revertendo o fluxo normal, disseram traders.

Enquanto embarques atípicos não são inéditos no mercado agrícola, traders dizem que a escala de mudanças deste ano é sem precedentes. Ela está sendo estimulada tanto pela diferença dramática entre safras do Meio-Oeste afetadas pela seca e boas colheitas em Estados nas bordas do país, bem como a forte ocorrência (nos Estados do Meio-Oeste) de uma toxina natural, a aflatoxina, que pode prejudicar o gado e que não atacou tanto as lavouras do norte e do sul.

O fluxo pouco comum de grãos pode prenunciar uma corrida por ofertas de milho de qualidade nos próximos meses, com usuários finais trabalhando com a menor colheita dos EUA em seis anos. No próximo mês de setembro, os estoques de milho devem cair para apenas 5,5 por cento da demanda anual, mínimo dos requisitos operacionais.

Os deslocamentos de mercado podem beneficiar empresas de logística e grandes comerciantes, como a Cargill , que registrou um aumento de quatro vezes na receita deste mês e disse que "os fluxos atípicos de comércio" devem estimular mais a demanda para sua experiência de negociação.

Companhias ferroviárias, que já estão colhendo lucros excepcionais de turbulência no mercado de petróleo, também estão se movendo rapidamente para aproveitar a movimentação no comércio de grãos.

No mês passado, a BNSF Railway publicou taxas para serviços de transporte de Minnesota e Dakota para Illinois, rota que os traders disseram estar em uso pela primeira vez. A BNSF disse que altera as taxas com base na demanda dos consumidores e condições do mercado, mas não quis fazer mais comentários.

A Canadian Pacific Railroad respondeu ao "aumento da demanda por milho das planícies do norte para ser movido a partes orientais do país", disse um porta-voz, recusando mais comentários.

QUALIDADE NAS MARGENS DO CINTURÃO PRODUTOR

Sinais de aperto da oferta já estão evidentes em padrões globais de negociações, enquanto pecuaristas norte-americanos estão agenda compras de milho do Brasil na onda de uma alta dos custos de ração.

Este sinais se tornaram, porém, mais evidentes no mercado físico para grãos dos EUA desde que a colheita do Meio-Oeste começou em setembro, escancarando um impacto desigual da seca.

A produtividade média do milho em 2012 em Illinois está projetada em 98 bushels por acre, mínima de 24 anos. Em contraste, produtores no cinturão de milho registraram safras recordes ou próximas do recorde, com qualidade excelente. A produção em Dakota do Norte aumentou 80 por cento, enquanto a produtividade de Mississippi saltou à máxima recorde.

"Testes de peso são fantásticos. Nós nunca vimos o milho como agora em nossas vidas", disse David Fiebiger, gerente do Finley Farmers Elevator, em Dakota do Norte, uma unidade de transporte de carga que enviou um comboio de milho para a região Meio-Oeste.

Em Hillsboro, Dakota do Norte, Tryan Cory, gerente do Terminal de Grãos Alton, disse que apenas um dos 10 trens carregados com milho a partir de sua instalação neste outono --com um total de 4 milhões de bushels, ou 1 por cento da safra de milho do Estado-- foi embarcado para o mercado de exportação do Pacífico Noroeste. Normalmente todo seu milho é enviado para a Ásia.

Tryan disse que os 9 trens restantes estavam sendo direcionados para Decatur, Illinois e St. Louis, Missouri, entre outros destinos no Meio-Oeste.

"Tivemos a sorte de ter uma qualidade de milho e bons rendimentos que estão ajudando a preencher o vazio do Sul", disse Tryan.

(Reportagem adicional de Karl Plume e K.T Arasu em Chicago)
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