Especialistas estrangeiros e brasileiros vão debater em São Paulo os rumos dos biocombustíveis no Brasil e no mundo em um seminário internacional que reunirá empresários, governo e contará com organismos de peso, como a IEA (Agência Internacional de Energia), o Departamento de Agricultura dos EUA e a agência ambiental norte-americana.
O fato de o IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis) e o WPC (Conselho Mundial do Petróleo) terem decidido promover no Brasil, em 17 e 18 de março, o Seminário Internacional de Biocombustíveis é um indicativo da importância do etanol na agenda econômica e dos desafios energéticos que o país tem pela frente.
Os biocombustíveis ocupam a terceira posição entre as energias renováveis no Brasil, atrás da biomassa e hidrelétrica. O país é também o segundo maior produtor mundial de biocombustíveis, atrás apenas dos EUA. Os dados são do World Energy Outlook 2013, relatório produzido pela IEA (Agência Internacional de Energia), que participará do evento.
O potencial do mercado brasileiro é enorme. Para se ter uma ideia, 90% dos carros produzidos em nossas fronteiras possuem motor abastecido a etanol e gasolina. E cerca de 40% da frota circulante - 32 milhões - já roda com motores flex, segundo dados do Sindipeças.
"O Brasil é um dos pioneiros em tecnologia para biocombustíveis e é natural realizarmos aqui uma discussão de alto nível, qualificada, com os melhores especialistas nesse tema no país e no exterior", diz João Carlos de Luca, presidente do IBP.
"O Brasil é uma referência mundial no setor energético como um todo e o Seminário Internacional de Biocombustíveis é uma consequência da importância do país nesse cenário", afirma Renato Bertani, presidente do WPC.
O evento contará com a palestra do chefe da Divisão de Indústria de Petróleo e Mercados da Agência Internacional de Energia (IEA), Antoine Halff, que fará um panorama do setor para os próximos anos. A IEA edita o relatório World Energy Outlook 2013, considerado pelos profissionais e especialistas da área como uma das principais referências do mercado.
Na mais recente edição do documento, quatro capítulos foram dedicados ao Brasil. Eles destacam que, até 2035, nosso país deve se manter como "dono" de um dos setores de energia com a menor emissão de carbono no mundo, mesmo com um possível aumento de 80% no uso de energia.
Além da questão energética, o biocombustível apresenta soluções também para setores como petroquímico, automotivo, alimentício, aviação e outros. Estes assuntos também serão discutidos durante o encontro.
Junto com Halff, pelo menos outros dez nomes internacionais, de países como Estados Unidos, Eslováquia e Argentina, estarão no Seminário. Os principais empresários e especialistas do segmento de biocombustível também compõem as mesas de discussão.
PAINÉIS
O seminário será realizado no Grand Hyatt Hotel. A programação será aberta na segunda-feira, dia 17, às 9h, com a palestra de Halff sobre o panorama mundial do setor de biocombustíveis. O painel seguinte discutirá as políticas para o segmento, com a presença do Secretário de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia, Marco Antonio Martins Almeida. Além dele, participam do mesmo debate o CEO da Enviral, Robert Spizak, e o gerente de desenvolvimento de tecnologia do Departamento de Energia americano, Paul Grabowsky.
A visão da indústria de petróleo sobre o mercado de biocombustíveis é o assunto que vem depois. Neste painel, falam o subdiretor da Comissão Nacional de Energia, Carlos Martín Martínez, o consultor de energia da ExxonMobil, Nick Jones e o conselheiro da Shell, Michiel Moolenar.
Ainda na segunda, a discussão em torno da produção de biocombustíveis x alimentos. O pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Décio Gazoni, o assessor chefe de políticas globais do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, Fahran Robb, e o representante da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura, Alan Jorge Bojanic compõem a mesa.
Fechando o primeiro dia, o painel "O impacto do uso de biocombustíveis nas mudanças climáticas globais". Roberto Schaeffer, Membro do Comitê Internacional de Mudanças Climáticas; o professor Kenitiro Suguio, da USP, e Christopher Godlove, do departamento climático da Agência Ambiental dos Estados Unidos serão os últimos palestrantes da segunda-feira.
A sustentabilidade da agroenergia é o assunto que abre as discussões na terça-feira, dia 18. A palestra será ministrada por Roberto Rodrigues, ex-ministro de Agricultura e coordenador do Centro de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas.
Ainda pela manhã, os avanços tecnológicos na produção de etanol e biodiesel serão apresentados. Martin Mitchell, da Clariant, Lidia Maria Melo Sant´anna, da Petrobras e Bernardo Gradin, CEO da GranBio, serão os palestrantes deste tema. Já quando o assunto for biodiesel, o consultor da UBRABIO e professor da UFRJ, Donato Aranda, será o palestrante.
No início da tarde, o consultor sênior da Petrobras, Eduardo Falabella Sousa Aguiar fala sobre "Biorrefinarias Integradas: Um Novo Conceito que Implica Inovação". O uso de biocombustíveis na aviação será o assunto seguinte. Para debater o tema, destacando-se os aspectos de qualidade, eficiência energética, custo e, sobretudo, segurança dos vôos, foram convidados o engenheiro de desenvolvimento de produtos da Embraer, Marcelo Gonçalves; o assessor de operações da Associação Internacional de Transportes Aéreos (IATA), Thomas Roetger e o representante da SkyNRG - joint venture com a KLM - Hayo de Feijter.
As novas tecnologias da indústria automobilística para o uso de biocombustíveis e outros combustíveis alternativos será o último tema do encontro. Ele será apresentado pelo professor da USP, Francisco Nigro; o gerente de área da Toyota, Edson Orikassa e pelo presidente da Bosch na América Latina, Besaliel Botelho, sob a coordenação do professor da USP, Ronaldo Salvagni.
Mais informações e incrições: www.ibp.org.br/biocombustível