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A consolidação do etanol de milho como alternativa sustentável e econômica

Guilherme Nolasco

Temos a “faca” e o “queijo” nas mãos. Por mais que esta expressão pareça clichê, resume bem o que o etanol de milho produzido no Brasil representa para a economia mundial e, principalmente, para o mercado interno: oportunidade de desenvolvimento sustentável. O etanol como biocombustível - tecnologia limpa inicialmente a base de cana-de-açúcar, produzido há mais de quatro décadas no país - mais recentemente teve uma reviravolta na oferta do produto no mercado com o acréscimo do milho como fonte de biomassa.
 
A estimativa de atingir 4,2 bilhões de litros de etanol de milho na safra 22/23 amplia a capacidade do Brasil em atender as exigências apontadas na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2021 (COP26). O evento deu a exata dimensão de como a pressão por práticas mais sustentáveis é crescente, assim como é cada vez maior a demanda por alimentos.
 
A COP26 também mostrou que o Brasil, apesar dos altos índices de emissão de gases de efeito estufa provocados pela mudança do uso de terra e florestas e por alguns setores produtivos, tem todos os requisitos para garantir energia verde para o mundo, preservando o meio ambiente. Neste caso, há ações concretas em pauta.
 
O compromisso firmado de redução da emissão de metano pela produção pecuária terá uma grande contribuição do setor de etanol de milho, que deverá ofertar mais de 6 milhões de toneladas de farelos de milho / ano para nutrição animal até 2030, diminuindo a idade de abate do boi e a necessidade de grandes áreas para exploração.
 
O melhor exemplo vem justamente da produção de biocombustíveis, atestada pelo programa do Governo Federal denominado RenovaBio cuja meta é emitir, até 2030, 90 milhões de CBios (Créditos de Descarbonização), sendo que cada unidade equivale a uma tonelada de CO2 evitado. No Brasil, em menos de dois anos, mais de 45 milhões de toneladas de carbono (CO2) deixaram de ser emitidas na atmosfera justamente pelo setor de biocombustíveis. Este volume corresponde às negociações de Créditos de Descarbonização (CBios) realizadas neste período.
 
Dar visibilidade ao cumprimento da legislação ambiental brasileira, uma das mais restritivas do planeta, e aos resultados consolidados e em andamento na produção sustentável do setor, é um dos papeis da União Nacional de Etanol de Milho (Unem). A articulação da entidade garante confiança aos investidores, muitos já com negócios em operação, gerando emprego e renda, sinônimos de desenvolvimento socioeconômico.
 
Este ciclo de investimento está sendo ampliado cada vez mais para outros estados, com inaugurações previstas já para 2022 e novos projetos sendo articulados em regiões produtoras de cereais.
De um modo geral, nosso foco é ampliar o alinhamento estratégico junto aos governantes para construção de políticas públicas a curto, médio e longo prazos. Em Mato Grosso, um passo crucial, neste sentido, foi dado com a aprovação da redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) pelo Conselho Deliberativo dos Programas de Desenvolvimento de Mato Grosso (Condeprodemat). A alíquota de 5% poderá chegar a 3,2% mediante incremento de 1,5 bilhão de litros.
 
Em 2022, as perspectivas para o etanol de milho não poderiam ser melhores tanto em volume quanto em qualidade de produção, mas para que os ganhos continuem evoluindo neste mercado extremamente promissor para toda cadeia do milho, precisamos definir prioridades e planejar ações específicas com as associadas para agregar mais valor e ser ainda mais sustentável.
 
A Unem preconiza que a perpetuação do etanol de milho passa pelo engajamento dos agentes envolvidos. A ativação de toda uma economia circular em torno da cadeia de etanol de milho induz o aumento da oferta de alimentos, pela intensificação do ciclo de produção pecuária de bovinos, suínos e aves. Assim como também estimula o aumento da produção, produtividade e oferta de milho de segunda safra, motivado pela valorização dos preços, capacidade de investimento dos agricultores e previsibilidade de venda antecipada do cereal.
 
Começamos bem e estamos consolidando o desenvolvimento sustentável contribuindo com as metas e compromissos internacionais. Neste trajeto, teremos que aliar o conceito socioambiental ao socioeconômico, ou seja, viabilizar o biocombustível de forma mais competitiva no mercado real, no cotidiano da população brasileira. 
 
Guilherme Nolasco é presidente executivo da Unem
 
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