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Sexta-feira, 19 de abril de 2024

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As responsabilidades e compromissos para eficiência na erradicação da febre aftosa

O Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea-MT) acaba de divulgar o resultado da segunda etapa de vacinação contra febre aftosa, realizada no mês de novembro último. Os índices de vacinação ultrapassaram 99%, demonstrando novamente o trabalho sério do Ministério da Agricultura, do Indea e, principalmente, dos produtores que são responsáveis pela compra, armazenamento e conservação, aplicação e comunicação ao órgão de defesa.
 
Desde 2007 que esses índices são maiores do que 90%, numa nítida demonstração de comprometimento dos órgãos e dos produtores. Simultaneamente, o Ministério da Agricultura reconheceu o Brasil inteiro como livre da febre aftosa com vacinação e espera esse mesmo reconhecimento do órgão maior da sanidade animal mundial, (OIE) nos próximos meses.
 
Mato Grosso completa, neste mês, 22 anos sem o registro de nenhum foco sequer dessa enfermidade. O último registro ocorreu no dia 17 de janeiro de 1996, no município de Colíder, ao norte do estado.
 
Mas para ilustrar a situação sanitária que atingimos, vamos fazer uma analogia com a segurança pública. Imaginem uma cidade, estado ou país onde há 22 anos não houvesse nenhum caso de arrombamento a residência ou empresa. A sensação de segurança nos levaria a pensar que não seria mais necessária a contratação de empresa de monitoramento, cercas elétricas, concertinas ou até mesmo a manutenção ou construção de muro. Custos que poderiam ser eliminados do orçamento familiar.
 
Nesta mesma linha de raciocínio, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento criou, dentro do Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa, a meta de se retirar a vacinação até o ano de 2021 em todo o país.
 
Parar de vacinar tem suas vantagens, inclusive para o produtor. Não precisaria mais comprar, armazenar, conservar e aplicar o medicamento, evitando também o stress da aplicação, eventuais acidentes que ocorrem no manejo e problemas com abscessos de vacina ocasionados, quer seja por falha na aplicação, ou pela reação vacinal causada pelo veículo da vacina. Fato que já gerou dissabores nas nossas exportações. A cadeia de valor do nosso produto ganharia como um todo, e a nossa carne alcançaria a mesa dos consumidores de ainda mais países.
 
Por outro lado, ficaríamos muito mais vulneráveis. Assim como o ladrão encontraria o alvo sem restrições, o vírus da febre aftosa, quando ou se chegar, teria acesso a um rebanho desprotegido. O prejuízo seria muito maior e a doença poderia se alastrar com muito mais facilidade.
 
Mesmo assim, produtor, que sempre efetuou a sua lição de casa está disposto a dar mais esse passo. Se o for preparado para auxiliar na identificação do foco e puder contar com um sistema de vigilância forte, um órgão de defesa sanitária treinado e de plantão para minimizar o problema o mais rápido possível, o setor como um todo poderá agir antes que eventuais problemas atinjam proporções maiores.
 
Cuidar da defesa sanitária é função do estado, previsto na constituição. O produtor, que sempre fez a sua parte, como demonstra os números efetivos da vacinação e sempre em busca de garantir o futuro do seu negócio e a segurança alimentar dos consumidores do seu produto, está disposto a ajudar.


Francisco Manzi é médico veterinário e diretor-técnico da Acrimat
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