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Quarta-feira, 24 de abril de 2024

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Aumentam os embargos à importação de carne bovina brasileira

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Atualizado às 20h15 de 17/12/2012: O Ministério da Agricultura foi notificado nesta segunda-feira da decisão da Arábia Saudita de proibir a importação de carne bovina de todo o Brasil devido ao caso de “vaca louca” detectada no Estado no Paraná em 2010. Trata-se de um revés para o setor pois o país árabe é um dos dez maiores importadores de carne bovina brasileira, respondendo por cerca de 3% das exportações brasileiras. O Egito, outro grande importador, também anunciou embargo às importações, mas apenas oriundas do Paraná. Este efeito cascata é o que temíamos quando publicamos o artigo abaixo. (PC)

Texto original publicado em 15/12/2012 às 18h35: Um exame laboratorial conduzido pela OIE (Office International des Epizooties ou Organização Mundial da Saúde Animal) confirmou a proteína causadora da vaca louca em uma vaca morta em dezembro de 2010 em uma fazenda de Sertanópolis, no Paraná. Em uma decisão considerada alarmista, a China e a África do Sul anunciaram na quinta-feira (13nov2012) o embargo de importações de carne bovina brasileira. Poucos dias antes o Japão já havia anunciado um embargo pelo mesmo motivo. Na verdade os japoneses são bastante traumatizados com este assunto e apesar de importarem pequenos volumes do Brasil fazem um grande barulho – outros seguem e até a Venezuela já está se manifestando!

E como diz o ditado que “um azar não vem sozinho”, a notícia apanhou nossa Presidenta Dilma Rousseff em viagem oficial à Rússia, com uma missão empresarial brasileira, tratando entre outros assuntos mas prioritariamente de embargos russos a importações brasileiras. No caso da carne, o embargo da Rússia vigora desde junho do ano passado e não tem relação com este recente veto à carne brasileira em decorrência do mal da vaca louca, mas sim com medidas sanitárias que as autoridades russas entendem que três Estados (PR, MT e RS) não vem atendendo. Com isto, a esperança dos produtores e exportadores brasileiros de que a Rússia poria fim ao embargo durante a visita oficial da Presidenta Dilma acabou não se realizando.

Claro que nossa Presidenta, que por vezes não revela muito bom humor, ficou bem “chateada” pela demora inaceitável deste caso vir à tona. Os primeiros exames, feitos no Brasil, não identificaram a proteína que causa o mal da vaca louca, mas uma contraprova feita em junho teve resultado positivo. Uma terceira análise feita em um laboratório britânico no início de dezembro confirmou a doença e despertou toda esta celeuma, que pode ter desdobramentos imprevisíveis e incoerentes com o tamanho da questão inicial.

Realmente é um absurdo tanta demora. Um importante representante da indústria pecuária*, que está com a delegação na Rússia, disparou: “Está claro que está faltando uma retaguarda para o segmento, que é ter vigilância sanitária, laboratórios, inspeção rigorosa e emergência sanitária. Um exame não pode demorar um ano e meio. Sempre há desculpas, mas elas não estão sendo mais aceitas pelos compradores”.

Por ora o dano não é grande. Dos três países citados, a China é o mais relevante. Nos primeiros nove meses deste ano, o país asiático importou 5,1 mil toneladas de carne bovina brasileira, colocando os chineses no ranking dos 20 maiores importadores do Brasil. Já se fala que Irã e Egito também vão entrar no embargo. Aí reside o perigo: como quem “conta um conto aumenta um ponto”, isto pode ganhar uma proporção problemática para tão importante setor de nossa agropecuária. A pobre, solitária e falecida portadora da proteína da vaca louca pode gerar um problema do tamanho de um rebanho todo.

* Pedro de Camargo Neto, presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipes).

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