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Desenvolvimento agrícola: ainda o caminho mais curto
Autor: Ciro Antonio Rosolem
17 Out 2014 - 10:31
O índice Gini que mede a desigualdade de renda está estagnado no Brasil nos últimos três anos. Este é dos grandes problemas brasileiros. Apesar do que alardeia o governo, os programas de transferência de renda não tem mais sido suficientes para melhorar a desigualdade no País. Segundo especialistas, a desigualdade não diminui porque faltam empregos. Emprego significa renda, significa diminuição na desigualdade. Assim, é urgente a criação de oportunidades de trabalho. De há muito se sabe que a agropecuária é a atividade econômica que mais gera emprego por unidade de capital investido. Por exemplo, gera, para o mesmo investimento, quase o dobro dos empregos que a construção civil. Não é pouco.
Quando se fala de desenvolvimento social e humano, junto com o índice de Gini, é interessante olhar para o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), que leva em conta a renda, educação e saúde. Comparando-se o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da FAO de 1990 com 2010 em algumas regiões brasileiras pode-se ter uma ideia de como o desenvolvimento agropecuário melhora a vida das pessoas. Nos estados com agricultura mais tradicional como São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul, o IDH passou, em média, de 0,542 para 0,759, com um crescimento de 40,3 % nos últimos 20 anos. Em estados que sofreram uma segunda onda de crescimento agropecuário, como Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul, o IDH passou, em média, de 0,484 para 0,732, com crescimento de 51,1% no período. Já nos estados de desenvolvimento agropecuário mais recente, nos últimos 20 anos, o IDH passou de 0,448 para 0,725, com crescimento de 69,1%. Enquanto isso o Brasil teve o IDH crescendo 46,9%, de 0,490 para 0,720. Considerando-se 38 municípios com grande influência agrícola no Brasil, 15 deles tinham IDH muito baixo em 1990, e não havia municípios agrícolas com IDH alto ou muito alto. Em 2010 não havia mais, entre estes municípios, IDH muito baixo, 29 deles tinham IDH alto e três mostravam IDH muito alto. Fica assim patente o grande impacto do desenvolvimento agropecuário na sociedade como um todo.
E o que se espera para o futuro próximo? A posição dos economistas é praticamente unânime: dificuldades, pouco dinheiro e pouco crescimento. No mundo todo e, particularmente, no Brasil. Como driblar essas dificuldades? Com geração de emprego e renda.
A agricultura brasileira só não é mais competitiva por razões sobejamente conhecidas: infraestrutura, logística, restrições ambientais, política tributária, política trabalhista, seguro rural e insegurança jurídica estão entre as principais. A retirada de alguns destes obstáculos fará com que, mesmo com preços internacionais menores, nossa agricultura continue como protagonista do desenvolvimento brasileiro.
Senhores, o caminho para fora do buraco é conhecido. Quem se habilita?
Obs.: Temos foto do autor, caso precise.
Sobre o CCAS
O Conselho Científico para Agricultura Sustentável- CCAS é uma organização da Sociedade Civil, criada em 15 de abril de 2011, com domicilio, sede e foro no município de São Paulo-SP, com o objetivo precípuo de discutir temas relacionados à sustentabilidade da agricultura e se posicionar, de maneira clara, sobre o assunto.
O CCAS é uma entidade privada, de natureza associativa, sem fins econômicos, pautando suas ações na imparcialidade, ética e transparência, sempre valorizando o conhecimento científico.
Os associados do CCAS são profissionais de diferentes formações e áreas de atuação, tanto na área pública quanto privada, que comungam o objetivo comum de pugnar pela sustentabilidade da agricultura brasileira. São profissionais que se destacam por suas atividades técnico-científicas e que se dispõem a apresentar fatos concretos, lastreados em verdades científicas, para comprovar a sustentabilidade das atividades agrícolas.
A agricultura, apesar da sua importância fundamental para o país e para cada cidadão, tem sua reputação e imagem em construção, alternando percepções positivas e negativas, não condizentes com a realidade. É preciso que professores, pesquisadores e especialistas no tema apresentem e discutam suas teses, estudos e opiniões, para melhor informação da sociedade. É importante que todo o conhecimento acumulado nas Universidades e Instituições de Pesquisa seja colocado à disposição da população, para que a realidade da agricultura, em especial seu caráter de sustentabilidade, transpareça.
Por Ciro Antonio Rosolem, membro do Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS) e professor titular da Faculdade de Ciências Agrícolas da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (FCA/Unesp Botucatu).